A situação no campo não está boa. De acordo com a última estimativa da UNICA, União da Indústria de Cana-de-Açúcar, a safra em 2011 será menor em relação à de 2010, ano em que as lavouras sofreram com uma forte estiagem.
Segundo a UNICA, a região Centro-Sul do Brasil, que concentra a maior parte da produção nacional de cana, deve colher 510 milhões de toneladas do produto, quase 9% menos do que na safra passada.
O clima é o principal fator que tem feito a UNICA rever as estimativas. Não bastasse a seca de 2010, que já faria a produtividade dos canaviais cair naturalmente, este ano geou duas vezes nas regiões produtoras.
Em parte da lavoura da usina que fica em Paraguaçu Paulista, no Centro-Oeste de São Paulo, a cana secou por causa do gelo. A agrônoma e diretora agrícola da usina Inês Pereira explica que a geada é considerada um dos piores fatores climáticos para a cultura. “Ela morre e começa a apodrecer. Se a gente não colhe, a podridão vai descendo até o pé da cana, de modo que perde-se toda a produção. Nós tivemos que antecipar praticamente em quatro meses a colheita do canavial, quer dizer, estamos perdendo quatro meses de crescimento da cana”.
Além de todos os problemas climáticos que estão afetando a safra, existe ainda outro fator contribuindo para a queda de produtividade das lavouras, um problema mais antigo, que vem de 2006. Na ocasião, o preço do açúcar e do etanol estava baixo e pouco remunerador. Em 2008, veio a crise mundial de crédito. Sem caixa e sem possibilidade de financiamento, muitas usinas deixaram de renovar os canaviais.
“Nós temos um descompasso evidente entre a oferta e a procura pelo produto. É como a fábula da tartaruga e do coelho. O coelho é o consumo puxado pelo carro flex e tartaruga é a oferta do etanol hoje. Não há condição de uma resposta imediata da lavoura”, avisa Sérgio Prado, representante da UNICA.