O Estado de São Paulo pretende criar um canal de comercialização para os pequenos e médios produtores rurais através de programa de compra direta pelo governo. Com planos para auxiliar o desenvolvimento sustentável desses agricultores, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado, primeiro planeja elevar o grau de desenvolvimento do setor para ampliar a produção e a qualidade dos alimentos. Um dos caminhos será o incentivo à criação de cooperativas de agricultores familiares.
Em entrevista exclusiva ao DCI, a secretária estadual de Agricultura e Abastecimento, Mônika Bergamaschi, afirmou que está em estudo a criação de um programa estadual para a aquisição de alimentos diretos do produtor, que seriam destinados a hospitais, escolas e penitenciárias. A ideia é ajudar o pequeno agricultor a ampliar a sua produção mantendo a qualidade exigida. “Não só ajudaremos esse agricultor a ampliar sua produção, como orientaremos sobre a melhor cultura a ser plantada na região que ele se estabeleceu. Não adianta um pequeno agricultor plantar soja em sua pequena área, pois morrerá de fome, mas se ele plantar morangos, alfaces, ou outros produtos desse gênero ele terá uma garantia de rentabilidade”.
Com menos de três meses como secretária da Agricultura de São Paulo, Mônika, primeira mulher a ocupar o cargo em 100 anos, prevê grandes desafios para o desenvolvimento sustentável do setor. Segundo Mônika, a prioridade de sua gestão é a melhoria de renda do produtor rural paulista, especialmente os pequenos e médios agricultores. “Quando recebi o convite, o governador me pediu uma atenção especial aos pequenos e médios produtores, em relação à renda e ao desenvolvimento sustentável”, disse.
Mônika contou que em seus primeiros meses à frente da secretaria já visitou grande parte do estado para levantar as principais necessidades e entraves do setor. Apesar de algumas regiões apresentarem condições de desenvolvimento bastante avançadas, ela destacou que muitas áreas rurais ainda sofrem com problemas sérios de infraestrutura, com a falta de energia elétrica e telefone. “O desenvolvimento do estado não acontece de forma homogênea. Ou seja, temos áreas muito desenvolvidas e outras que nem luz elétrica possuem e isso limita nossas ações”, afirmou. “Precisamos atingir também esse produtor para conseguir um resultado mais consistente”, disse Mônika com exclusividade ao DCI.
Enquanto a Secretaria de Agricultura ainda se estrutura para criar um plano de desenvolvimento para o setor, Mônika já estuda lançar projetos para auxiliar os pequenos e médios agricultores a se organizarem em busca dessa sustentabilidade. Mônika afirma que um trabalho já está sendo feito para auxiliar esses grupos a gerirem melhor as suas propriedades, com o uso de tecnologias.
“Além disso, queremos incentivar a melhor organização privada deles, por meio de associações, cooperativas e sindicatos para que minimamente organizados o estado possa chegar até eles para oferecer seus programas e seus instrumentos de políticas públicas”, comentou.
Agricultura urbana – Além disso, Mônika ainda pretende lançar projetos para a área urbana, ensinando os moradores a cultivarem a sua própria horta no quintal. “Essa iniciativa aproximará os moradores urbanos da realidade rural, ensinando as pessoas a criarem sua própria horta, gerando assim mais saúde a população com alimentos mais saudáveis”, disse.
Apesar dos novos planos para o desenvolvimento dos pequenos e médios ruralistas do estado, a secretária não excluiu de seus pensamentos os problemas já em curso, como a nova regulamentação que proíbe a queima da palha da cana-de-açúcar a partir de 2014. Fato que afeta principalmente os proprietários de pequenas terras, que não conseguem retirar os resíduos do campo mecanicamente, e optam pela queima da palha. “Esse é um programa que já estamos trabalhando com alguma antecedência para colocar a disposição destes pequenos e médios, para quando não puderem mais queimar a palha, possam apostar na fruticultura, ou na seringueira, ou no eucalipto, e algumas outras alternativas para garantir a sua renda”.
Pecuária – Para a pecuária, a secretária traçou planos ousados, que irão impactar tanto na sua gestão quanto nos seus sucessores. Trata-se de transformar o Estado, hoje livre da febre aftosa com vacinação, em estado livre da aftosa sem vacinação. “Pretendo, a longo prazo, deixar bastante encaminhado ao próximo governo o status de São Paulo livre de febre aftosa sem vacinação. Mas como importamos o gado de outros estados para confinar aqui, se os outros estados não fizerem um bom trabalho na área de defesa, todo nosso trabalho será comprometido também”, lembrou Mônika.