Se os países europeus priorizam a busca por garantias de origem e certificação socioambiental de alimentos, a China foca a segurança alimentar, dando mais ênfase à garantia de produtos. Esse é o cenário encontrado pela Aprosoja após uma série de intercâmbios por países compradores e produtores de soja feitos em 2011. O objetivo dessa política de aproximação institucional e comercial é estreitar laços e compreender melhor os mercados consumidores de soja e milho mato-grossenses.
O levantamento de mercados incluiu Estados Unidos, Canadá e Europa e foi concluído com a viagem à China. “Os europeus enfrentam um momento estagnado de produção de grãos, o que os torna muito exigentes, criando até mesmo barreiras comerciais. No mercado chinês, o foco é a qualidade da soja, e muitos empresários chineses nos agradecem pela grande oferta de alimento nutritivo”, compara o presidente da Aprosoja, Glauber Silveira.
De acordo com ele, os interesses nacionais dos dois países (China e Brasil) estão indo numa direção coincidente, o que reforça laços comerciais. “A China está preocupada em alimentar sua população, e o Brasil precisa melhorar sua infraestrutura”, pontua. Durante a Missão China, a Aprosoja confirmou a vinda para Mato Grosso de uma equipe de empresários chineses interessados em ampliar os negócios com os produtores estaduais, e abriu espaço para relações comerciais com a Câmara de Comércio Brasil-China.
A viagem da Aprosoja à China ocorreu de 14 a 24 de agosto e contou com uma comitiva de 33 pessoas – em sua maioria, produtores rurais estaduais, além de deputados estaduais, diretoria e colaboradores da associação e jornalistas.
Porque a China – Principal parceiro comercial do Brasil e de Mato Grosso, a China é hoje a segunda maior economia do mundo e o país mais populoso do planeta: são mais de 1,3 bilhão de habitantes – o que corresponde a 22% da população mundial. Os chineses respondem por 20% de todas as exportações nacionais, e têm ampliado ano a ano as vendas para os brasileiros, sendo hoje o segundo maior mercado importador para o Brasil.
Na pauta comercial, o complexo soja é o item de maior relevância, ao lado do minério de ferro. Isso ocorre porque o consumo de soja na China tem aumentando exponencialmente. De 1994 até 2011, segundo dados do USDA, o consumo de soja na China aumentou 378%, sendo que hoje o país responde por 54% do total de importação de soja em todo o mundo e por 46% das compras de soja brasileira.
A ampliação desse consumo é explicada pelo crescimento populacional e pelo aumento de renda dos chineses, principalmente da ascendente classe média. Desde 1994, a China tem mantido um crescimento econômico anual superior a 7,5% – é a nação que mais cresce no mundo.