Nem bem aconteceu a publicação das diretrizes para o próximo leilão A-3 – divulgadas nessa semana pelo Ministério de Minas e Energia – agentes do setor de bioeletricidade já demonstram insatisfação quanto à sistemática proposta. O certame, em março de 2012, mais uma vez vai colocar em disputa gás, eólicas, biomassa e hidrelétricas.
Na avaliação da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), é preciso rever o formato de contratação de energia que promove concorrência entre fontes distintas. A entidade pede que sejam considerada as peculiaridades econômicas e de produção de cada fonte de geração. “Sem esses critérios a disputa é incorreta, principalmente para uma fonte de energia renovável como é a cogeração por meio da queima do bagaço de cana”, argumenta o gerente em bioeletricidade da Unica, Zilmar de Souza.
Segundo a Unica, por causa desse modelo de contratação, a bioeletricidade respondeu por menos de 4% do total comercializado no último leilão A-3 – realizado em agosto deste ano. Enquanto isso, gás natural, eólica e hídrica conquistaram, respectivamente, 56%, 27% e 14%.
Para Souza, os percentuais vendidos no certame são irrisórios diante do potêncial que pode ser extraído dos canaviais. “É essencial que se desenvolva uma política energética para as fontes renováveis, com leilões específicos ou regionais e que leve em conta aspectos como o potencial, o estágio tecnológico e conjuntura de cada forma de geração”, defende Souza. “Não faz sentido misturar fontes não comparáveis”.
O executivo ainda afirma que se os ganhos ambientais fossem considerados, a situação seria diferente. Em tempo, Souza também critica a metodologia de cálculo utilizada para ordenar economicamente empreendimentos termelétricos. Segundo ele, Índice de Custo Beneficio (ICB) deveria ser capaz de identificar as diferenças entre as fontes, incorporando não apenas a variável preço em sua matriz, mas também o quesito emissões.