Com os altos preços do milho registrados este ano, os produtores brasileiros devem apostar todas as suas fichas na segunda safra da cultura apesar de algumas reclamações de falta de sementes, principalmente no Mato Grosso e no Paraná. No Mato Grosso, a expectativa é alcançar 8,9 milhões de toneladas no período 2011/2012, ante os 7,1 milhões vistos no ano passado. Em Goiás e no Paraná a intenção é a mesma; a justificativa é a alta demanda pelo produto, e a renda obtida.
Já produção de sementes de milho está em linha com a crescente demanda pelo produto, segundo o presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Narciso Barilon Neto. Em entrevista ao DCI, ele garantiu que “os problemas de oferta de semente para a safrinha de milho foram pontuais, pois há oferta para atender a todos”.
Apesar de o plantio da primeira safra de milho no Brasil ainda não ter sido concluído, os agricultores já começam a traçar os planos para a segunda etapa do plantio, que deve começar assim que as culturas de verão forem colhidas no próximo ano.
No Mato Grosso, a expectativa do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) é de uma área 14% maior, passando do 1,75 milhão de hectares na safra 2010/2011 para pouco mais de 2 milhões de hectares este ano.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira, o milho tem gerado uma renda muito boa aos produtores, e certeza de venda. “Nossa safrinha vai crescer, sim, dado que o produtor conseguiu plantar a soja mais cedo, abrindo espaço para uma colheita de soja antecipada, e fazer o plantio do milho na época correta. Além disso, o preço está bastante bom e isso incentivou o produtor.”
Com esse incremento da área de plantio, a expectativa de colheita deve ultrapassar a casa das 8,9 milhões de toneladas, ante as 7,1 milhões vistas nesta safra. “Se o clima colaborar a nossa produção de milho safrinha tem tudo para dar certo, e podemos inclusive bater recordes. Nem essa história de falta de sementes, que até agora não se confirmou, abala os produtores”, garantiu Silveira.
Na semana passada, algumas indústrias de sementes do estado alegaram a falta de matéria-prima para a safrinha de inverno, mas segundo a Aprosoja essa especulação é infundada, e tem por objetivo forçar a alta do valor das sementes de milho. Para Barilon Neto, a semente tem peso fundamental no sucesso da produção de grãos no Brasil. “A semente é a principal indutora do crescimento da produtividade no País”, afirmou. “A área de grãos cresceu muito menos que a produção devido à biotecnologia que vem nas novas sementes.”
Em Goiás, a perspectiva também é de crescimento, tanto em área quanto em produção. A expectativa da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) é que a área passe dos atuais 573 mil hectares para pouco mais de 620 mil hectares. “Essa segunda safra ainda não está bem definida, dependerá do preço do milho nesta virada de ano. Mas se o preço seguir bastante convidativo poderemos ter uma safrinha que superará a marca de 620 mil hectares”, contou Pedro Arantes, assessor técnico da Faeg.
Já em relação à colheita, Arantes contou que “a situação é ainda mais difícil de prever, pois o La Niña está aí, e a safrinha corre mais riscos climáticos do que a primeira safra”, considerou ele. “Nós colhemos nessa safra 3,1 milhões de toneladas, e com esse crescimento de área podemos chegar a 3,5 milhões de hectares”, finalizou.
No Paraná, o levantamento para a safrinha de inverno ainda não foi realizado; entretanto, “a perspectiva não poderia ser outra senão de aumento de área”, garantiu Margorete Demarchi, engenheira agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura Abastecimento do Paraná. O trigo deve abrir espaço para a ampliação da safrinha do estado.