É com prazer que comemoramos a meta de 15,1kg atingida pela ABCS no aumento do consumo interno e venho agradecer a parceria dos integrantes da cadeia produtiva da suinocultura brasileira que se dedicaram e trabalharam pelo aumento de consumo interno de carne suína e confirmar também que em 2012 vamos juntos executar o PNDS em 09 estados e, assim, avançar no crescimento da nossa atividade. Mas quero lembrar a todos que é preciso fazer mais.
Ao longo de dois anos, o PNDS realizou cerca de 360 ações em mais de 100 municípios brasileiros, registrou aumentos de 20% a 96% nas vendas de cortes suínos e através do trabalho realizado pelas afiliadas da ABCS, mais de 1 milhão de pessoas foram sensibilizadas. Além disso, cerca de 13 mil profissionais foram capacitados de forma direta em treinamentos de cortes, oficinas gastronômicas, palestras para médicos e em universidades. Nessa fatia de capacitações mais de 2.000 produtores do Brasil receberam treinamento para melhoria de gestão e manejo, além de consultorias técnicas e de inovação realizadas nas granjas.
Esses resultados confirmam que é possível trazer estabilidade para nosso setor investindo aqui mesmo, no Brasil. Então, com o apoio de cada um dos nossos parceiros, a ABCS irá ampliar sua meta para 18 kg per capita no consumo até 2015. E aqui, explico as razões que embasaram a definição da ABCS nessa meta, que apesar de ambiciosa, é coerente com as condições econômicas descritas a seguir:
- Nos últimos 2 anos em que houve atuação do PNDS no mercado, o aumento da disponibilidade interna ficou em média de 6%. Com a meta de 18kg, nossa projeção é de crescer em média 5% ao ano, de 2012 a 2015;
- Isso significa atingir a meta, em 2015, de 3,5 milhões de toneladas de carne suína consumidas pelos brasileiros, valor 21% a mais do que consumimos neste ano;
- Com a expectativa de crescimento das vendas para os mercados internacionais, chegando a 700 mil toneladas, a produção deverá chegar, em 2015, em torno de 4,2 milhões de toneladas;
- Segundo projeção recente do MAPA, a produção brasileira de carne suína em 2018 deverá ficar entre 3,7 e 5,2 milhões de toneladas. Ou seja, os mesmos parâmetros de crescimento estabelecidos pela ABCS;
- Para essa definição também consideramos o índices do PIB nos últimos dois anos, que em 2010 ficou em 7,5% e que em 2011 deverá fechar em 3%. Já para o ano que vem, os analistas preveem valor acima de 4%;
- O salário mínimo também terá forte influência sobre o consumo interno e no ano que vem o aumento será de 14,26% para o mínimo atual, saltando de R$ 545,00 para R$ 622,73;
- Neste ano cerca de 40 milhões de brasileiros atingiram a classe média, vindos das camadas mais pobres da população. É como se o país tivesse elevado toda a Argentina a uma classe social mais elevada. Isso significa mais gastos com alimentação, mais carne na mesa do brasileiro. E por que não mais carne suína?
- Os grandes eventos internacionais, como a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, nos anos de 2013 a 2015 também beneficiarão direto nosso consumo interno. Lembrando que a carne suína é a mais consumida em países da Europa, o que tornará nosso produto bastante procurado por bares, restaurantes e hotéis;
- Nossos investimentos no Nordeste poderão fazer a diferença no aumento de consumo, já que a região registrou um crescimento real de 36,95% entre 2002 e 2010, contra 32% do Brasil no mesmo período e deve manter o ritmo de crescimento no patamar de 7% ao ano, segundo especialistas;
- O aumento do apoio institucional das Empresas Amigas, bem como o convite formal para a participação da Abipecs nas ações do PNDS em São Paulo, poderão ter forte influência no resultado dos próximos anos;
- Finalmente incluímos São Paulo ao PNDS, o maior estado consumidor do país. Com esse poder de consumo não poderia ser diferente quanto ao valor investido: R$ 2 milhões em dois anos, o maior projeto já realizado em parceria com o Sebrae estadual, confirmando a credibilidade do Sistema ABCS.
Mas, mesmo com o vento a favor do nosso crescimento, também temos enormes desafios pela frente. O milho é um deles e neste ano foi o grande obstáculo para nossos produtores que tiveram sua rentabilidade abalada pelos altos índices de correção aplicados ao grão. Também precisamos salientar a necessidade de fomentar financeiramente o Sistema ABCS, para o qual já definimos em Assembleia da entidade a busca de novas formas de sustentação financeira.
A produtividade e qualidade do nosso rebanho, bem como dos profissionais que atuam na atividade também é considerado pela ABCS um dos principais fatores no desenvolvimento do consumo.
Para ultrapassar esse cenário a entidade realizou em 2011 efetivos trabalhos e pretende nos próximos anos seguir com a mesma estratégia e consolidar sua atuação. Abaixo, listamos medidas definidas para enfrentar esses desafios:
– Modernizar e ampliar a sistema de Registro Genealógico de Suínos, por meio de uma reformulação tecnológica e também de uma campanha de incentivo ao registro dos animais de reprodução.
- Priorizar uma política agrícola específica para o abastecimento de milho, em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), por meio de entendimentos já mantidos com o presidente-executivo da entidade, o exministro da Agricultura Alysson Paulinelli;
- Pleitear no governo federal mais suprimentos e estoque, bem como um politica de regulação de preços, garantindo ao produtor valores justos, por meio do estabelecimento de um preço máximo do milho para o segmento produtor de carnes;
- Aumentar as ações políticas por meio da Frente Parlamentar da Agropecuária, a exemplo do Projeto de Lei que tem como objetivo incluir a carne suína na Política de Garantia de Preços Mínimos do Governo Federal (PGPM), e a Lei das Integrações;
- Ampliar as ações do PNDS nos estados participantes e incluir novos estados nas atividades de desenvolvimento do mercado doméstico. Para isso já firmamos acordo com o Sebrae Nacional até o final de 2013 com investimentos de R$ 13 milhões no Projeto e estamos em negociação para avançar até 2015;
- Prosseguir com nossa política de investimento na produção, principalmente nos profissionais que fazem a suinocultura deste país. Dando continuidade às capacitações e consultorias como o SUINTEC e a Qualificação Profissional em Suinocultura, em parceria com o Sebrae e Senar Nacional.
Enfim, nosso desafio é grande, mas o retorno será ainda maior para a suinocultura brasileira. Se traçamos metas é porque podemos cumpri-las com assertividade. Mas todo esse trabalho só será possível com o comprometimento de cada um das pessoas que fazem parte da suinocultura. Por isso, conto com vocês para atingirmos essa nova meta e para divulgarmos aos quatro ventos a importância desse crescimento e do embasamento que há por trás desse novo desafio. Que todos possamos ser uma única voz da suinocultura brasileira.
“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível”
São Francisco de Assis
Desejo a você um forte abraço e um Feliz Natal.
Atenciosamente,
Marcelo Lopes
Presidente da ABCS