O cultivo do milho, em Mato Grosso, virou negócio sério e rentável neste ano. Depois de décadas como coadjuvante, plantado apenas como opção necessária à rotação de cultura, o grão ganhou espaço de destaque e chegou a ponto de ‘disputar’ área com o algodão e vencer na preferência do produtor. A guinada desta nova commodity permitiu que muitos analistas classificassem o ano de 2011 como o do início da ‘era de milho’, no Estado. Demanda elevada pelo grão, preços valorizados em mais de 50% e expectativa de novo recorde de produção adubam a crença neste importante momento do milho segunda safra.
O maior motivador à expansão de uma cultura é o preço, valor que em média neste ano superou em mais de 54% a média de 2010, no Estado. Enquanto produtores receberam pouco mais de R$ 9 pela saca no ano passado, em 2011 o preço passou de R$ 20 em algumas regiões.
Como resumem os analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), “de ator coadjuvante, o milho, em Mato Grosso, recebeu um papel equivalente ao da soja e se tornou fundamental nos ganhos dos produtores. A cultura assumiu esse status mesmo em um ano com clima não tão favorável a ela e que resultou em uma produção menor que a prevista, porém maior em preço, com grandes ganhos ao produtor”. Neste ano outro fator foi determinante para se comprovar o amadurecimento da cultura no Estado: a ausência da necessidade de leilões promovidos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para ajudar a escoar a produção e permitir pagamento, ao menos, do preço mínimo ao produtor. “A liquidez do cereal foi a melhor de todos os tempos, não suficiente para quem queria, devido aos baixos estoques de passagem que a cultura encontrou”.
Um fato inédito chama a atenção e ajuda a dimensionar o tamanho do espaço que o milho conquistou neste ano. Pela primeira vez, a modalidade de venda antecipada migrou ao milho e atingiu números jamais vistos pelo mercado, faltando parâmetros para se avaliar melhor esse movimento. Conforme o Imea, ainda em setembro – a cinco meses do início do plantio da segunda safra no Estado – quase 50% da produção da temporada 2011/12 estava comercializado, um grande indicativo do apetite do mercado em relação à commodity. No Estado, a área destinada ao milho é a mesma ocupada pela soja. Na medida em que a oleaginosa é colhida, o milho é plantado, por isso é uma cultura de segunda safra.
Projeções – Naquele mês (setembro) o Imea estimava uma produção de 8,90 milhões de toneladas. Depois dessa movimentação e da evolução extremamente positiva em relação ao plantio da soja, o Imea reavaliou – para cima – a safra de milho.
Na terceira e última estimativa do ano, divulgada ontem, o Instituto prevê produção de 9,80 milhões de toneladas, números que se confirmados serão recorde da história do milho em Mato Grosso e atingirão uma evolução de 31,9% em um intervalo de cinco anos em área plantada e de 26,4% em produção.
Nesta projeção de safra do milho segunda safra, o Imea acredita em uma área plantada de 2,20 milhões de hectares, alta de 25,8% sobre o ciclo anterior (1,75 milhão de hectares) e uma produção 40,2% acima do registrado em 2010/11, de 6,99 milhões para 9,80 milhões.
Exportações – No ano de 2011 foram exportados 5,6 milhões de toneladas no acumulado de janeiro a novembro, 5,3% a mais que no mesmo período de 2010. O valor pago pelo cereal também apresentou incremento, com a tonelada valendo em 2011 em média R$ 269,10, frente aos R$ 181,38 que eram praticados em 2010. Observando o acumulado dos valores mensais, a boa situação das exportações de milho fica ainda mais clara, pois em 2011 o valor acumulado de janeiro a novembro foi de US$ 1,5 milhão, em comparação com US$ 1 milhão registrados em 2010.
Balanço – Pode-se dizer que 2011 foi o ano dos grandes resultados à soja: grandes áreas, preços e divisas, que engrandeceram o produtor e deixaram a agricultura mais positiva e confiante. As exportações até o mês de novembro superaram todo o ano de 2010, com mais de 9 milhões de toneladas. O destaque não é o volume, mas, sim, o valor pago pelo produto exportado, que gerou cifras da ordem de R$ 4,47 bilhões, 36% maior que a exportação de 2010. Agora, o que marcou o ano e o produtor foi o preço, que encerra o ano com média de R$ 40/sc, tendo ficado praticamente todo o primeiro semestre acima da média, o que fez o produtor liquidar sua produção o mais rápido possível.
O algodão também encerra o ano com recordes: em área plantada, produção, preço e valor de exportações. Toda a cadeia do setor algodoeiro proporcionou os recordes de 2011 e o baixo estoque no início do ano forçou as indústrias têxteis a pagarem mais pela pluma, o que estimulou o aumento de área plantada.