A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, afirmou nesta quarta, dia 3, que o governo dos Estados Unidos inicia na próxima semana as negociações para um acordo com o Brasil para evitar a retaliação brasileira por causa dos subsídios dados aos produtores de algodão de seu país.
É a primeira vez que os norte-americanos se dispõem a apresentar compensações ao Brasil. De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, depois de publicada a lista, haverá mais um mês para a negociação com os Estados Unidos.
“A lista será publicada na semana que vem e haverá 30 dias [de prazo para negociar]. Então haverá tempo, com base no que foi autorizado dentro da lei”, ressaltou.
O acordo em torno das compensações envolve cerca de US$ 830 milhões. O assunto foi tema de reunião de Amorim com Hillary nesta tarde, no Itamaraty. Segundo a secretária, o esforço é para que as negociações levem para um final feliz, como em um filme conhecido.
“Tenho a impressão de que entrei em um filme que estava passando há muito tempo. O Brasil vai divulgar a lista de produtos [norte-americanos que serão retaliados]”, afirmou a secretária, referindo-se à divulgação programada para a próxima segunda, dia 8.
Em seguida, Hillary afirmou:
“Isso vai ser discutido como proposta de compensação. Temos tempo para tentar resolver isso de maneira pacífica e produtiva. É tanto o comércio que há entre os nossos países que espero que possamos resolver essa questão”.
Amorim disse ainda duvidar que os Estados queiram impor uma espécie de contrarretaliação a produtos brasileiros em decorrência da decisão de retaliar as mercadorias norte-americanas.
“Não posso acreditar que os Estados Unidos vão promover [uma contrarretaliação]. Deste susto eu não morro”, afirmou o ministro.
No final de 2009, a Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizou o Brasil a retaliar os Estados Unidos em até US$ 830 milhões. A decisão foi provocada pelos subsídios concedidos pelo governo americano aos produtores de algodão. O processo se estende há oito anos. O setor de medicamentos é um dos principais alvos.
“Eu não posso imaginar que os Estados Unidos, que promoveram a criação da OMC vão usar instrumentos que ferem as regras internacionais”, declarou Amorim.
Por outro lado, Hillary cobrou do Brasil uma posição sobre a corrida nuclear do Irã. O governo brasileiro aposta num acordo internacional com o país do Oriente Médio antes de adotar qualquer tipo de sanção.