O Globo Rural foi a campo para acompanhar a colheita do milho e da soja nos três principais estados produtores: Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná.
No Paraná, o sol resolveu aparecer a semana inteira, e a colheita de soja que estava atrasada, agora anda em um ritmo acelerado.
O produtor Jorge França, do município de Angulo está bem contente com o resultado da colheita. Ele aumentou em 10% a área de soja este ano, e acertou.
No ano passado, nessa mesma área, a lavoura de soja rendeu pouco mais de 40 sacas por hectare por causa da seca. Agora, a colheita está rendendo bem mais.
O produtor está conseguindo até 55 sacas por hectare. Uma produtividade tão boa, que a cada hora, um caminhão sai lotado da roça.
“Uma alegria a mais da gente relembrar os anos anteriores, que levava aqueles prejuízos na colheita, o tempo não corria bem. Em função na maneira que estamos colhendo esse ano ficamos muito contentes”, afirma Jorge.
Apesar dos bons resultados no campo, os agricultores continuam insatisfeitos com o preço, considerado baixo. “Anteriormente a gente vendia soja a R$ 40, R$ 45 a safra de 60 quilos. Esse ano, o preço estava R$ 40 e foi descendo se aproximando de R$ 31 a saca. Então o preço da soja hoje não está animador”, diz.
No Rio Grande do Sul, as máquinas abrem caminho nas lavouras de soja. Na propriedade de Cézar Augusto Mello de Oliveira, em Condor, noroeste do estado, a produtividade alcançada é de 52 sacas por hectare, bem acima da média do estado.
“Está de excelente a qualidade do grão. Isso se deve a boa chuva, boa adubação e um bom fungicida que foi aplicado”.
Quem plantou milho também está satisfeito com a produtividade. A colheita está indo bem. Até agora 40% do que foi plantado no estado já saiu das lavouras.
Apesar da boa colheita, os produtores gaúchos reclamam do preço pago pelo produto. O valor está quase 40% menor que o praticado há um ano. A saca de 60 quilos de milho está sendo vendida por R$ 15,00 na região. Para o agricultor, o preço está longe do ideal.
“O preço mínimo para o produtor deveria girar em torno de R$ 18,00 a R$ 20,00 a saca no mínino, o preço que está hoje no mercado está insustentável”, afirma o agricultor, Maurício de Bortoli.
A colheita está quase no fim. Na fazenda do Sr. Invaldo Weis, em Santa Carmem, norte de Mato Grosso, faltam apenas 10% dos 1.400 hectares de soja cultivados.
Ele conta que a média deve chegar a 60 sacas por hectare. Sr. Invaldo está satisfeito com a produtividade, mas não pretende vender o produto agora. “Por enquanto eu estou armazenando o produto e vou aguardar que o mercado reaja para a gente poder negociar”.
A área cultivada com milho safrinha em Mato Grosso também deve ser maior este ano. O plantio, que geralmente é feito até o fim de fevereiro, foi estendido. Os agricultores estão investindo na cultura.
O Sr. João Gueller espera bons resultados nos 260 hectares cultivados. “É uma receita a mais. A cultura principal é a soja e tão logo ultimada a safra nos plantamos o milho e esperamos que este ano possamos ter um produtividade de 70 a 80 sacas por hectare em vista de que o investimento foi razoável”.
Da porteira para dentro as expectativas são boas. O problema são os preços considerados baixos pelos produtores.
De acordo com o analista de mercado, Roni Carlos Ferreira, de Minas Gerais são os estoques que estão influenciando os preços.
“Nós temos um estoque em torno de 10 milhões de toneladas, considerado alto em relação a média dos últimos cinco anos, que era em torno de sete milhões de toneladas. A curto prazo tem milho ofertado no mercado”, afirma o analista de mercado, Roni Carlos Ferreira.
O que pode melhorar o preço, no futuro, é o consumo de milho que está crescendo no Brasil e no mundo todo.