As exportações de milho do Brasil no ano comercial 2010/11 (fevereiro/janeiro) poderão crescer para até 11 milhões de toneladas, o que seria um aumento de mais de 40 por cento em relação ao total exportado em 2009/10, afirmou nesta terça-feira o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
O aumento nas vendas externas ocorreria por conta do grande excedente do cereal no País, com a colheita de uma safra abundante neste ano, observou o dirigente da Anec, Felicio Paschoal da Costa Aguiar. Além disso, há grandes estoques da temporada passada, lembrou ele.
“A expectativa é exportar de 9 a 11 milhões de toneladas”, afirmou ele a jornalistas nesta terça-feira, após participar de evento em São Paulo.
O Brasil, que costuma figurar entre os principais exportadores de milho do mundo -atrás de Estados Unidos e Argentina- chegou a exportar em 2007 um recorde de 11 milhões de toneladas, em um período em que a União Europeia sofreu com quebra de safra e demandou maiores quantidades do produto brasileiro.
As previsões do representante da Anec sinalizam para um volume superior ao esperado pelo Ministério da Agricultura, que prevê exportações de 8 milhões de toneladas para 2010 (ano civil).
Apesar de o Brasil ter reduzido em 9 por cento a sua área plantada na atual safra, a produção ainda deverá apresentar ligeiro crescimento ante a temporada passada, para 51,3 milhões de toneladas, segundo o ministério, devido às boas condições climáticas para o desenvolvimento das lavouras até o momento.
Além disso, o País começou a safra atual com estoques de 11 milhões de toneladas.
“Vamos ter que tirar isso (a oferta excedente) de alguma forma daqui. Governo, produtores e exportadores vão ter que colocar os preços em um nível tal para tirar isso daqui”, destacou Costa Aguiar, que também atua como gerente comercial da multinacional Cargill.
O País consome a maior parte da sua produção de milho internamente, com uma demanda doméstica estimada em 46 milhões de toneladas em 2010, segundo ministério, ante 45,2 milhões em 2009.
“O consumo interno tem aumentado bastante. Mas não vai ser suficiente para consumir todo o excedente”, afirmou ele, ressaltando que se o País não encontrar formas de liberar seus estoques isso pode gerar problemas de armazenagem.
Costa Aguiar admitiu também que as exportações brasileiras de milho, com um câmbio desfavorável, devem seguir dependentes de programas governamentais de subvenção ao frete rodoviário para o produto colhido em regiões distantes dos portos, como tem ocorrido nos últimos anos. O governo já sinalizou que continuará apoiando tais negócios.
No ano passado, as exportações de milho do Brasil geraram receitas de 1,2 bilhão de dólares, para um volume de 7,8 milhões de toneladas.
De acordo com o executivo, maiores exportações não são um problema para o mercado doméstico. Ele disse que a indústria consumidora de milho no País está bastante “confortável”, comprando “da mão para a boca”, com a garantia de safra cheia que tem pressionado os preços internos.