O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, estará nos dias 17 e 18 em Brasília para discutir os rumos da combalida Rodada Doha de liberalização global. O encontro de Lamy com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ocorrerá no rastro da recente avaliação dos 153 países membros da OMC sobre Doha, que mostrou um único país, os Estados Unidos, sem disposição de negociar.
Os EUA praticamente vetaram discutir as divergências comerciais de maneira mais aprofundada no encontro de presidentes e chefes de governo do G-20 marcado para junho em Toronto, no Canadá. Os canadenses, aliados incondicionais dos americanos, não querem causar embaraços a Barack Obama e estão ” engavetando ” a tentativa brasileira de levar os líderes a dar mais uma vez o já famigerado e sem credibilidade ? impulso político ? na negociação global.
” Falar em Doha hoje é um embaraço para os EUA ” , diz um negociador em Genebra, refletindo a que ponto Washington bloqueou a rodada visando liberalizar as trocas mundiais. Uma dificuldade na retomada de Doha é a demanda considerada excessiva dos EUA pela abertura dos mercados do Brasil, China e Índia sem querer pagar a contrapartida com abertura do próprio mercado. O impasse de Doha, entretanto, não reflete problemas específicos da OMC, mas falhas na governança global. Nesse cenário, Lamy vem provocando o debate sobre o que deveria ser uma governança global eficaz.
De Brasília, Lamy vai ao Uruguai participar da reunião do Grupo de Cairns, de produtores agrícolas, que já foi importante nas negociações, mas perdeu peso desde que o Brasil criou o G-20 agrícola.