A Ceagro Agronegócios, que em janeiro passou ao controle do grupo argentino Los Grobo, registrou em 2009 mais um expressivo aumento em seu faturamento, fortalecendo a base para os objetivos traçados para este ano. Mas amargou um incremento também significativo de custos que ajudou a reduzir seus lucros.
Balanço recém-divulgado pela empresa mostra que a receita bruta de vendas e serviços totalizou R$ 325,392 milhões no ano passado, 51% mais que em 2008. Naquele ano, o salto sobre 2007 foi de 91,41%. Em 2006, a receita bruta atingiu R$ 78,87 milhões.
A receita operacional líquida teve comportamento semelhante. Chegou a R$ 319,732 milhões em 2009, 50,7% acima de 2008, quando a alta na comparação com 2007 chegou a 109,4%. Em 2006, foram R$ 73,11 milhões, sempre de acordo com informações fornecidas pela companhia.
Os negócios da Ceagro com soja representaram 54,8% de sua receita líquida no ano passado. A produção própria de grãos, sobretudo soja, respondeu por 18,5%, e as operações com defensivos, por 12,24%. Vendas de fertilizantes e sementes e os negócios da empresa com milho completam o total.
“O ano de 2009 ficará marcado como o primeiro ano em que a companhia fechou todo o ciclo da atividade do agronegócio, com a colheita de sua primeira produção própria de soja e milho. Desta forma, a Ceagro entra definitivamente no rol de produtores de alimentos e energia para o mundo”, diz Paulo Alberto Fachin, diretor-presidente da companhia, no balanço divulgado.
Em janeiro, o Valor informou que a meta da Ceagro em 2010 é de faturar cerca de US$ 360 milhões. O objetivo foi traçado a partir da reestruturação que tornou a Los Grobo Agro do Brasil a principal acionista da empresa brasileira, fundada por Fachin em 1994.
Com as mudanças e um investimento não revelado, o braço brasileiro do Los Grobo, que já tinha 35% da Ceagro, passou a deter 59,5%. Com isso, a fatia do paranaense Fachin, mantido na presidência, caiu para 40,5%. A Ceagro também tornou-se a marca do Los Grobo no Brasil.
A holding argentina Los Grobo, na qual a família Grobocopatel tem 76,64%, controla 66,6% da Los Grobo Agro do Brasil. E a Vinci Partners, por meio do fundo PCP, tem 21,56% da holding e 33,3% do braço brasileiro. Além do avanço no Brasil, o grupo Los Grobo, que fatura cerca de US$ 700 milhões por ano, está em expansão no Uruguai e no Paraguai, para se firmar como uma potência do Mercosul.
O forte crescimento do faturamento previsto para a Ceagro em 2010 decorre, também, da incorporação, consequência da reestruturação, de atividades em Goiás, Minas Gerais e Bahia. Até 2009, a produção e a comercialização de grãos da companhia estavam concentradas no cerrado dos Estados de Maranhão, Piauí e Tocantins, região conhecida como “Mapito”.
No ano passado, o volume total movimentado pela Ceagro Agronegócios alcançou 257,3 mil toneladas, e o custo dos produtos vendidos aumentou de R$ 169,23 milhões, em 2008, para R$ 273 milhões. Em parte por causa disso, o lucro líquido do exercício caiu 23,4%, para R$ 4,356 milhões.
Antonio Neto, diretor financeiro do braço brasileiro do Los Grobo e diretor administrativo e financeiro da Ceagro, explica que, em larga medida, o aumento de custo reflete justamente a expansão da empresa. A área de produção própria da Ceagro cresceu de 27 mil para 39 mil hectares, elevando as despesas na aquisição de insumos, por exemplo.
A companhia também investiu na abertura de operações na Bahia e em Mato Grosso, inclusive com contratação de pessoal. Os reflexos positivos da ampliação deverão aparecer mais este ano, em linha com o avanço recente. “Esperamos crescer no pré-financiamento de produtores via troca por insumos e continuamos de olho em aquisições, principalmente de participações em outras empresas”.