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Economia

O avanço do frango

Frango ganha mercado e sustentação no preço graças a demanda aquecida. Setor de suínos também deve buscar mesma saída.

O avanço do frango

O principal insumo da ração de frango, o milho, ficou mais barato, mas o preço da carne no atacado segue firme na faixa de R$ 2,5 o quilo (congelado). A contradição que intriga o consumidor ganha explicação na cadeia da carne. O setor acaba de anunciar novo avanço nas exportações, e estabelece metas ambiciosas para este ano.

Em março o estado exportou 83 mil toneladas, ante as marcas de 81 mil e 75 mil no mesmo mês em 2009 e 2008, respectivamente. Para atingir o volume maior, produz cerca de 110 milhões de aves por mês. O faturamento mensal com as vendas ao exterior passou de US$ 130 milhões, valor 22% maior que o de um ano atrás.

Já o preço do milho caiu 14% no último ano. Os produtores estão recebendo R$ 13,80 por saca de 60 quilos no Paraná, por causa do excesso da oferta. Direcionado principalmente ao mercado interno, o cereal não depende só da demanda, mas da disposição dos compradores, atrelados a cotações internacionais de matérias-primas e produtos finais.

Curiosamente, há dois anos, o quadro era justamente oposto, com a cadeia da carne em alerta no período de entressafra. O milho escasso elevava os custos do setor, que buscava acordo com a agricultura para ter garantia de ração a preço sustentável.

Segundo Martins, apesar de a situação atual ser “confortável” para a indústria de carne de frango, o setor tem menos lucros que em 2008, porque o câmbio atual desfavorece as exportações. O que salvou o setor foi justamente o aumento dos embarques, que vem ocorrendo graças ao aquecimento das vendas ao Oriente e a Ásia, antes mesmo da entrada expressa no mercado chinês.

Outro fator que colabora é a demanda interna. A proibição da venda de frango temperado, em vigor desde março, acabou reduzindo o volume de oferta, relata. O Sindiavipar se posicionou a favor da medida, que tentou conter a venda de carne de galinha com mais de 20% de água e tempero misturados.

As empresas do setor não se limitam à expectiva geral dos exportadores de alimentos de crescimento do mercado chinês. A Frangos Canção, por exemplo, que quatro anos atrás fez pesquisa para se adaptar às exigências de países como Arábia Saudita, hoje embarca 30% de sua produção para o Oriente. A meta é continuar negociando com mercados similares, na mesma região.

“Queremos média nacional de mais de 300 mil toneladas e estadual de mais de 80 mil toneladas nas exportações”, afirma o presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins. Para isso, a produção e os embarques terão de continuar crescendo.

Mesma saída para os suínos

A busca de novos mercados surge como saída não só para as aves, mas também para os suínos, setor que reclamou nos últimos dois anos de preços abaixo dos custos. O Paraná segue tendência nacional e amplia os embarques mês a mês.

Os preços estão entre R$ 1,80 e R$ 2 o quilo, até 30 centavos a mais que em dezembro. Com o milho em queda, a situação favorece a produção de carne. Com 1 quilo de suíno, dá para comprar 7 quilos de milho.

Vem de Santa Catarina indício de que há espaço inclusive para ampliar a produção. O estado vizinho, que compete com o Paraná no frango e está em vantagem no suíno, conseguiu reconhecimento de área livre da aftosa dos Estados Unidos para vender carne de porco. Nesta semana, recorreu ao Ministério da Agricultura pedindo ajuda para cumprir dez exigências da União Europeia. Os suinocultores catarinenses esperam ainda a chegada de negociadores da Coréia do Sul, que devem visitar o estado na próxima semana.

A corrida de Santa Caratina e do Paraná, no entanto, não é apenas para esses mercados, mas sim para atender o Japão, que importa um milhão de toneladas de carne suína ao ano, um terço a mais do que o Brasil inteiro exporta. O Paraná, terceiro produtor nacional, abateu 1,23 milhão de suínos de janeiro a março deste ano, 4,4% a mais que no mesmo período de 2009. A produção total do ano passado foi de 509 mil toneladas – das quais apenas 55 mil toneladas foram exportadas.