A Agroceres PIC, braço de genética de suínos da Agroceres, prepara-se para fazer a sua primeira venda de créditos de carbono no mercado internacional. A empresa recebeu o aval das Nações Unidas para a operação graças a um projeto de captação de gases nocivos ao ambiente de sua unidade em Patos de Minas (MG).
Núcleo de multiplicação genética de suínos, a Granja Paraíso abriga cerca de 45 mil animais, que produzem 500 mil litros de dejetos por dia. Esses dejetos liberam na atmosfera o metano, que faz parte do grupo de gases de efeito estufa que contribuem para o superaquecimento do planeta.
Com investimento próprio de R$ 3 milhões para a construção e instalação de seis biodigestores, a empresa diz ter reduzido fortemente a emissão de gases. Segundo Vitor Vanetti, diretor de marketing do grupo Agroceres e gestor responsável pelo projeto, a previsão é que a redução anual chegue a cerca de 20 mil toneladas de CO2.
A venda de créditos de carbono está dentro do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), uma das estratégias criadas pela ONU para reduzir o volume de gases-estufa emitido pelas empresas. Nesse sistema, países poluidores ricos podem comprar créditos de projetos “limpos” desenvolvidos em países em desenvolvimento, como o Brasil.
No caso da Granja Paraíso, o gás metano liberado pelos dejetos é canalizado e convertido em CO2, que é então liberado no ar. Embora ainda ocorra a emissão de um gás-estufa, a medida é considerada um ganho para a natureza, já que o metano é 21 vezes mais nocivo que o CO2.
“O monitoramento da produção e queima dos gases é diário, permitindo a identificação e correção de falhas em menor tempo. Dessa forma, a performance da granja é bem próxima ao calculado no documento oficial, portanto o de melhor gestão”, diz Eloisa Casadei da PricewaterhouseCoopers, que forneceu a consultoria em sustentabilidade para a implementação do projeto.
De acordo com Vanetti, a Agroceres PIC preferiu fazer o investimento total do projeto com recursos próprios a ser financiada por companhias compradores desses créditos e espera ter um retorno financeiro anual de até € 260 mil euros. Hoje, a tonelada de carbono gira em torno de € 13. Por convenção, cada tonelada de gás emitido equivale a um crédito de carbono no mercado internacional.
A empresa recebeu o registro da UNFCCC (United Nations Framework Convention on Climate Change, órgão da ONU) em agosto e será submetida ao monitoramento dos gases por um ano. No fim, será submetida à certificação para, só então, vender os créditos.
A Agroceres PIC pretende estender o projeto de MDL para as 13 granjas terceirizadas com as quais trabalha. “Já temos clientes interessados”, afirma Vanetti.