Há quase um ano, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) começou a receber diversas reclamações de suinocultores, alegando atrasos nos pagamentos de lotes de suínos entregues a sua empresa integradora, a Doux-Frangosul. Estes suinocultores, tendo suas granjas localizadas em diversas regiões do Estado, e tendo em vista os atrasos nos pagamentos, encontravam-se em sérias dificuldades financeiras, não podendo, em muitos casos, pagar outras contas em virtude destes atrasos.
Na ocasião, a Acsurs tomou diversas medidas, visando reverter o caso. No entanto, nos últimos dias, as reclamações dos suinocultores em relação à empresa voltaram à tona.
Um suinocultor proprietário de uma granja na serra gaúcha já entregou três lotes de suínos para a empresa, estando sem receber valor algum da empresa há três meses, totalizando um atraso no pagamento superior a R$ 220 mil. Este atraso acarretou para o produtor o atraso no pagamento dos 16 funcionários de sua granja. Além disto, afirma que está “estourado com seu cheque especial”, tendo dívidas superiores a R$ 110 mil com os bancos.
Ao questionar o veterinário responsável pelo fomento da empresa, obteve a resposta de que não há previsão para o pagamento ser feito, nem sequer uma justificativa sobre o motivo dos atrasos.
Outro suinocultor, também proprietário de uma granja na serra gaúcha está há quatro meses sem receber da empresa. “O último lote que recebi algum valor foi o que entreguei em maio. Depois disso, não recebi mais nada. Estou literalmente com a corda no pescoço, trabalhando apenas no cheque especial. Perguntei para um técnico veterinário o porquê destes atrasos e ele também não sabe. Uma vez até falavam para eles e agora, nem isso fazem. Nós precisamos ter uma posição da empresa sobre isso”, afirmou o produtor.
O produtor que tem quatro funcionários expôs que tem um empréstimo de R$ 80 mil, o qual financiou junto a bancos, que precisar ser pago. Um de seus vizinhos, que também é suinocultor, teve de pedir dinheiro emprestado para seus vizinhos para poder pagar a conte de luz de sua granja. Seus pagamentos atrasados somam o valor de R$ 72 mil.
Em outra região do Estado, no Vale do Taquari, produtores acusam atrasos de três lotes entregues (três meses), totalizando dívidas em torno R$ 40 mil cada, além de falta na entrega de medicamentos. Um produtor, inclusive, diz que em novembro precisa pagar mais de R$ 40 mil em renegociação de dívidas e financiamentos e, por isso, está aflito, pois não visualiza nenhuma expectativa de mudança financeira da Doux Frangosul.
“Perguntamos para os técnicos da empresa o que está acontecendo e quando vão começar a nos pagar. Mas eles não sabem o que dizer, pois a empresa não está repassando nenhuma informação nem para eles. Assim nós ficamos a ver navios”,
desabafa um suinocultor.
Além destes, há vários outros suinocultores esperando para receber os pagamentos. Segundo Valdecir Luis Folador, Presidente da Acsurs que tem acompanhado o caso atentamente e tem recebido muitas ligações e e-mails de produtores relatando estes casos, “infelizmente, a empresa não está tratando os produtores como deveria tratar, ou seja, não está havendo seriedade. Já foram apresentados diversos cronogramas de pagamentos e nenhum deles foi cumprido conforme o previsto ou combinado com os produtores. Além disto, falta transparência com os suinocultores, pois a Doux não tem dado nenhuma satisfação sobre este atraso. O produtor é o grande pilar se sustentação da empresa e, em virtude destes atrasos, está enfrentando sérias dificuldades financeiras. É um momento muito difícil”.