Aumenta a cotação do suíno nas granjas, mas a rentabilidade de parte dos produtores ainda está comprometida. No Estado de São Paulo, mesmo não sendo maioria, os pequenos suinocultores são os que mais deixam de ganhar. O poder de compra agora é menor do que era há 30 dias.
O silo, novinho, é a última aquisição do produtor Geraldo Solarolli. Investimento que ele só pode fazer porque tem crédito na praça.
– (Canal Rural) Com recursos próprios você não conseguiria? (Solarolli) Não. Dificilmente porque a margem de ganho nossa é muito pequena.
Na granja que tem em Bragança Paulista, o produtor faz o ciclo completo da criação. Os animais, em poucos dias vão pro abate. A produção não para o ano todo, mas ele diz que no primeiro semestre, com maior oferta de grãos, a situação melhora, porque o custo diminui. A partir de julho, agosto, o que compensa é o aumento das vendas, por causa do maior consumo da carne. Historicamente é assim. E neste sobe e desce, o que importa no cálculo da margem é que com uma arroba o produtor consiga comprar, no mínimo, duas sacas e meia de milho. Solarolli conseguia isso até maio. Hoje, pelos cálculos que faz, a chamada relação de troca é de uma arroba por 2,2 de sacas de milho, bem menos das 2,5 ou até 3 como ele considera ideal.
Dados do Cepea mostram que a cotação do suíno vivo teve alta de 40% desde julho, em São Paulo. Ainda assim, alguns produtores desta região não atingiram a margem mínima de lucro. Isso porque a cotação do milho subiu 66% neste mesmo período. Nos final das contas, produtores como o Geraldo Solarolli perderam 26% do poder de compra nos últimos cinco meses. Mesmo com o aumento de vendas de suínos.
“Precisaria ter um reajuste no valor do suíno de pelo menos 20% para ficar próximo do custo de produção”, diz Solarolli.
As contas de Geraldo são muito semelhantes as da Associação de Suinocultores de São Paulo (APCS). O preço da arroba, na casa dos R$ 70, como está é histórico, segundo o presidente Valdomiro Ferreira. Mas não representa muito no bolso por causa do custo.
Para os próximos meses, a expectativa é de incerteza.
“Nós estamos com uma expectativa positiva que é os leilões do governo pra tentar equilibrar o preço do milho. Entretanto nós dependemos da questão clima. É que provavelmente a safra de milho está atrasada para o Estado de São Paulo, pelo menos 30 dias. Então provavelmente janeiro e fevereiro nós teremos pressão de oferta de milho entrando na safra nova”, afirma Ferreira.