Produtores de ovos de Bastos, no centro-oeste de São Paulo, estão com problema. Eles investiram na criação esperando um aumento no consumo. Só que a aposta não se concretizou. Agora está sobrando ovo no mercado e o preço caiu.
Wagner Mizohata levou um susto quando fez o balanço da produção de ovos dos últimos três meses. “Nosso custo de produção hoje em uma caixa de 30 dúzias está custando R$ 39 e estamos vendendo no mercado a R$ 36. Quer dizer, estamos tomando prejuízo para produzir o alimento”, revela.
A dificuldade para manter as granjas pegou de surpresa a maioria dos agricultores de Bastos que, sozinha, abastece 20% do mercado nacional. Com a alta na arroba do boi, a expectativa era que o consumo do ovo aumentasse, já que o alimento substitui a proteína da carne vermelha.
Os avicultores também apostavam no setor de panificação, com as vendas de final de ano. Os granjeiros, inclusive, aumentaram o plantel. Em um ano, a quantidade de aves em Bastos cresceu em mais de um milhão.
O que o produtor imaginou não deu certo e o consumo permanece estável. Com o aumento do plantel, tem muita oferta no mercado e, para complicar ainda mais, a ração de milho subiu 70%.
De acordo com Wellington Koga, presidente do Sindicato Rural de Bastos, a situação está quase insustentável. “Uma caixa de ovo deveria comprar dois sacos de milho, quer dizer, pelo preço, mas hoje praticamente compraria um saco de milho”.
Nem os anos de experiência de Sérgio Kakimoto como granjeiro foram suficientes para prever esta crise. Ele investiu R$ 1,5 milhão na granja, no começo do ano, e até agora só teve despesas. “Este ano, infelizmente, não temos uma expectativa boa da alta do preço do ovo. Agora vamos aguardar na quaresma, para ver se a gente consegue recuperar um pouco deste prejuízo que estamos tendo nesse final de ano”, diz.