A crescente demanda pela carne suína no mercado interno – estimulada pelas vendas de produtos típicos das festas natalinas – permitiu a concessão de novo reajuste na remuneração dos criadores, atingindo-se o melhor preço dos últimos dois anos. Esse é o resultado de uma lenta, mas firme, escalada de recuperação dos preços praticados pelas agroindústrias aos criadores de suíno em 2010, período no qual foram concedidos 39% de reajustes, sendo apenas em outubro/novembro mais de 11%.
A Coopercentral Aurora, maior compradora e abatedora de suínos de SC, elevou hoje em mais 2% o valor pago aos suinocultores pelo preço do quilograma de suíno vivo que sobe de R$ 2,45 para R$ 2,50. Acrescido do fator adicional de tipificação (8% a 10% em média), a remuneração final ao criador atinge R$ 2,75/kg para animais vivos entregues aos frigoríficos.
A nova base de remuneração passou a valer desde segunda-feira (8/11) e configura o 16o reajuste deste ano. As demais agroindústrias acompanharão o novo patamar de preços. A qualidade da carcaça é avaliada pelo sistema de tipificação, chegando a R$ 2,75/kg na propriedade. O custo do transporte do suíno em pé é absorvido pela indústria de processamento de carne e representa cerca de R$ 0,07 (sete centavos) por quilograma de peso vivo.
O presidente da Coopercentral, Mário Lanznaster, explicou que os novos preços representam uma remuneração compensatória para os produtores rurais. A atividade pecuária voltou a ser lucrativa, apesar do aumento do preço do milho, o principal insumo da suinocultura.
O mercado está vivendo em regime de equilíbrio entre oferta e procura e, por isso, a tendência é de estabilidade ou de leve alta até início de dezembro, porém, os preços recuarão em janeiro, como tradicionalmente ocorre. Até o fim de ano, os preços não devem subir muito mais que as bases atuais porque os valores estão compensatórios e não há excesso nem escassez de matéria-prima (carne suína) nas indústrias.
Todo o esforço de recuperação do setor realizado em 2009 e, principalmente, em 2010, faz com que o atual preço básico (R$ 2,50/kg) seja exatamente o preço praticado em outubro de 2008, antes da violenta crise financeira internacional, que derrubou as exportações brasileiras e provocou uma crise sem precedentes na cadeia industrial da suinocultura.
“Isso mostra como foi profunda e devastadora a crise de 2008 da qual somente saímos em 2010”, observa o presidente da Coopercentral Aurora. Desde aquele ano, o mercado vivia um difícil período de oferta excessiva de suínos vivos para as indústrias e desajuste cambial, situação agravada com a queda nas exportações e redução do consumo.
Em 2010, entretanto, a demanda cresceu e os preços no mercado internacional começaram a melhorar. Mas foi o crescimento da demanda no mercado doméstico que permitiu a recuperação de preços.
Tamanho
A suinocultura representa a maior cadeia produtiva de Santa Catarina, gerando 65 mil empregos diretos e 140 mil indiretos. Cerca de 55 mil produtores dedicam-se a atividade. O rebanho permanente é de 6 milhões de cabeças. Em 2009, a produção catarinense atingiu 750.000 toneladas de carne, 25% do que o Brasil produz. A suinocultura catarinense continua sendo a maior do País.