Em recuperação judicial desde 2009, o frigorífico Independência deu ontem mais um passo para ter seu pedido de falência solicitado. Em nota, a empresa informou que suspendeu todas as suas atividades produtivas devido à baixa utilização da capacidade instalada.
Com dificuldade em adquirir animais para abate, seja pela oferta reduzida ou pela desconfiança dos pecuaristas, o frigorífico não estava conseguindo gerar caixa suficiente para cobrir seus custos fixos e operacionais. “Portanto, e com o objetivo de preservar sua posição de liquidez necessária para a manutenção do seu parque industrial, a companhia anuncia a imediata suspensão de suas atividades produtivas”, diz a nota.
De acordo com alguns corretores do mercado, a oferta de gado aquém da demanda tem elevado os preços do boi gordo. Aliado às cotações em alta, o medo de um novo calote levou os pecuaristas que ainda aceitavam vender gado para a empresa a fechar negócios apenas com pagamento à vista.
Com as operações paradas, o pagamento dos credores passa a ficar ainda mais comprometido, aumentando as chances que a falência seja pedida por descumprimento do acordo da recuperação judicial. “O fato de estar com a produção parada não implica na suspensão do pagamento das parcelas. Pelo acordo, a próxima vence em novembro”, diz Luciano Vacari, da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).
O representante dos pecuaristas lembra que o Independência vinha cumprindo os prazos até agosto. Em uma nova assembleia de credores, o pagamento das parcelas de setembro e outubro foi adiado a pedido da empresa para que uma nova engenharia financeira fosse estruturada. “A companhia continua trabalhando com seu credores e potenciais investidores para achar uma solução para sua atual situação”, conclui a nota divulgada hoje. Nenhum porta-voz da empresa retornou os contatos da reportagem.