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Insumos

Grãos em alta

Aquisição de insumos para o ciclo 2010/11 ganha fôlego. Preços mais baixos animam produtores a tentarem até estocar.

Grãos em alta

No município de Maracaju, em Mato Grosso do Sul – a 160 quilômetros ao sul de Campo Grande -, as áreas de lavouras se confundem com as ruas . Ao lado das luxuosas casas que chamam a atenção de quem viaja pelo interior do Estado, o milho safrinha também se destaca na paisagem, enquanto aguarda o momento de ser colhido.

Apesar de a colheita da safrinha ainda não ter sido concluída, os preparativos para o plantio da produção de grãos de verão da temporada 2010/11 já estão adiantados. Preparado para semear a partir de outubro seus 1,6 mil hectares com soja, o produtor Luciano Muzzi Mendes diz já estar com tudo pronto para encerrar o trabalho com o milho de inverno e entrar com as plantadeiras. “Já comprei 100% dos insumos para fazer a lavoura. O problema é que a sinalização de preços para a soja é de R$ 32 por saca, bem abaixo do que era indicado no ano passado”, diz Muzzi.

Quarta geração à frente da Fazenda Fortaleza, Muzzi lembra que no ano passado, enquanto colhia a safrinha de milho e planejava o plantio da soja, os preços praticados em sua região estavam ao redor de R$ 45 por saca da oleaginosa. A colheita, no entanto, foi feita com valores próximos a R$ 30. “Diferente de 2009, os preços da soja deste ano não estão atraentes e não existe nada que sinalize para um aumento nas cotações”.

Mesmo com preços mais baixos, a procura por insumos para a safra 2010/11 está em geral num ritmo mais forte que o observado no mesmo período do ano passado, quando o foco era o ciclo 2009/10. Dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) mostram que as entregas de fertilizantes ao consumidor final no primeiro semestre do ano está 4,2% acima do observado no mesmo período do ano passado. Já foram entregues 8,62 milhões de toneladas para todos os tipos de lavouras, ante as 8,27 milhões negociadas entre janeiro e junho de 2009. As vendas para a soja são o carro-chefe.

“Há no mercado uma leitura de que os preços dos fertilizantes chegaram no fundo do poço, daí porque os agricultores estão tentando antecipar ao máximo as compras. Já existem interessados em comprar agora o adubo que será usado na safra 2011/12”, diz Anderson Galvão, da Céleres Consultoria.

Ele lembra que, exceto por situações pontuais, a rentabilidade da safra 2009/10 foi positiva para a maior parte da agricultura nacional. É exatamente isso que tem permitido a antecipação da compra de insumos. Segundo Galvão, ao antecipar a compra e pagar à vista os agricultores conseguem descontos que chegam a 15%.

No mesmo período do ano passado, apesar de os preços da soja, por exemplo, sinalizarem alta, a situação do fluxo de caixa do produtor não era confortável e a disponibilidade de crédito era menor. Essa situação provocou atrasos nas compras, sobretudo de adubos.

Segundo cálculo do Valor Data com base nos contratos de segunda posição da soja em Chicago, o preço médio do grão caiu de US$ 10,07 por bushel, em julho de 2009, para US$ 9,81 no mês passado. Em 2010, a retração acumulada até julho chegou a 5,7%.

No caso das sementes, a situação não é diferente. Dados da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) indicam que aproximadamente 70% das sementes de grãos em geral que serão utilizadas em 2010/11 já foram adquiridas. No mesmo período do ano passado, o percentual era de 40%. “A venda tem acontecido de forma muito rápida. Isso foi uma surpresa para nós”, diz Ywao Miyamoto, presidente da Abrasem.

A acelerada compra de insumos não deverá impedir, contudo, que a produção brasileira de grãos encolha em 2010/11. Por conta dos preços mais baixos, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) sinaliza um corte de 4% na produção brasileira de milho, para 51 milhões de toneladas, e de 6% na oferta de soja no País, para 65 milhões.