Com os preços da soja em alta, estima-se que a área plantada de algodão no País deve recuar. Na Bahia, o recuo deve ser de cerca de 15% em 2010/2011. No começo de julho, o cenário era o inverso, já que o baixo preço da oleaginosa desanimava os produtores que preferiam apostar no aumento de campo para a entrada da fibra.
Ontem, em Brasília, representantes do setor se reuniram na 19ª reunião ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Algodão e seus Derivados para falarem das temporadas 2009/2010 e 2010/2011. Também foi colocado em pauta os Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio (ACC) e o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro).
“O atual cenário baiano estará na direção do mercado de soja, já que a remuneração está boa. Eu acredito que em outros estados o mesmo possa acontecer”, afirmou João Carlos Jacobsen, presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa). Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Bahia – segundo no ranking brasileiro de algodão – sofreu com a seca (problema pontual), fato que acarretou em queda na produção de 5% a 7% durante a safra 2009/2010.
O estado do Mato Grosso, principal produtor de plumas do País, também apresentou queda no cultivo entre 17% e 20% na safra 2009/2010, conforme informou o Mapa. A alta temperatura, a seca e o frio afetaram o cultivo do Sul do Mato Grosso.
Segundo Sérgio De Marco, presidente da Câmara Setorial do Algodão, o setor solicitou ao governo a realização de leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) para o escoamento de 700 mil a 800 mil toneladas da pluma produzida na temporada 2009/2010. De Marco disse que as operações devem iniciar logo para apoiar a entrega da safra que está sendo colhida e deve chegar ao mercado entre 60 e 90 dias.
Ainda de acordo com o Mapa, produtores pediram diminuição da taxa de importação, que hoje está em 10%. “O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) não zera a alíquota, mas pode chegar a uma redução de 2%”, disse Haroldo Cunha, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). A assessoria do Mapa divulgou que, há alguns meses, foram negociadas cerca de 800 mil toneladas de algodão para os mercados externo e interno. Na época, o preço da fibra era de R$ 1,15 por libra-peso. Por isso, alguns agricultores, que vão entregar o produto agora, solicitaram ao governo o Pepro. No entanto, conforme informou a assessoria, o Pepro não deve ser realizado em função do atual preço mínimo do algodão que é de R$ 1,35 por libra-peso, sendo que há produtores que são remunerados entre R$ 1,60 e R$ 1,65 por libra-peso. “Vamos estudar essas demandas que parecem justas, mas não tão fáceis de se colocar em prática por questões jurídicas.Vamos discutir com os ministérios envolvidos, a Fazenda e o Mdic, porque envolve questões de tarifas de importação e mecanismos de garantia de preço mínimo”, afirmou Wagner Rossi, Ministro da Agricultura.
Cunha disse que, na carta enviada ao governo, foi colocada a redução da alíquota para 150 mil toneladas, de dezembro deste ano a maio de 2011. “Vai faltar algodão, cerca de 150 a 200 mil toneladas”, afirmou. Tanto a quebra de safra quanto o clima irão influenciar na falta da fibra.
De acordo com o Mapa, há aproximadamente 15 dias era esperado 1,150 milhão de toneladas, mas hoje foi revisado para 1,1 milhão de toneladas. “Para a safra 2010/2011, a estimativa era de que a área aumentasse em 20%, ou seja, 1 milhão de hectares. Agora, a expectativa é entre 900 e 950 mil hectares em todo o território nacional”, disse Cunha.