Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Comércio internacional

Crise pode viabilizar acordo

Crise na Europa pode facilitar acordo com Mercosul, diz Durão Barroso. Os dois blocos voltaram a negociar em maio a queda das barreiras comerciais existentes.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, acredita que a situação de crise econômica por que passam alguns países da União Europeia pode ser uma boa oportunidade para o avanço de um acordo comercial com o Mercosul. Os dois blocos voltaram à mesa de discussões no fim de maio, na tentativa de derrubar barreiras comerciais existentes.

Durão Barroso lembra que a atual situação econômica da Europa, com diversos países vivendo uma realidade de corte de gastos e ajustes fiscais para reduzir déficits públicos, significa que nos próximos anos o crescimento econômico do continente não virá do aumento dos gastos governamentais ou do investimento público.

“O comércio é o melhor amigo do crescimento e do contribuinte, porque é a maneira de gerar riqueza, gerar crescimento, sem que sejam os contribuintes a pagar, através de mais impostos e mais despesa pública”, ponderou Durão Barroso, que se reuniu com o candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, no Rio de Janeiro.

“Por isso que há condições melhores que algum tempo atrás para conseguirmos apoio na Europa para um acordo com o Mercosul, desde que seja um acordo equilibrado. E, neste aspecto, temos que falar também com a Argentina. É preciso que a Argentina também esteja empenhada no acordo, e com nossos parceiros do Paraguai e Uruguai”, acrescentou.

Serra lembrou que os dois blocos estiveram muito próximos de um acordo em 2004, mas divergências da Argentina em relação à abertura dos mercados de alimentos para os europeus impediram o avanço das negociações.

“É mais fácil para o Brasil avançar com os entendimentos com a Comunidade Europeia do que com relação a Doha”, disse o candidato tucano.

Durão Barroso acredita ser possível para ambos os lados fazer concessões. “Temos que ter a coragem de ambos os lados de dizer aqueles setores que resistem à liberalização do comércio entre a Europa e o Mercosul que temos que colocar o bem comum acima dos interesses particulares”, frisou Durão Barroso, lembrando que os dois blocos já realizaram uma reunião em Buenos Aires e farão mais uma em Bruxelas.

O presidente da Comissão Europeia ponderou que os investimentos da União Europeia no Brasil já superam a totalidade dos aportes feitos pelo bloco na Rússia, China e Índia juntos, o que dá uma indicação dos benefícios que seriam alcançados com um acordo comercial.

Questionado sobre as negociações para definir regras globais para o sistema financeiro, Durão Barroso defendeu a adoção de medidas conjuntas, apesar de alguns países não terem vivenciado os efeitos da crise financeira de 2008 no setor bancário.

“Se não houve agora problemas em alguns bancos, nada nos garante que não possa haver no futuro. Por isso achamos que é justo que aqueles que contribuíram para essa crise financeira, e os problemas começaram em alguns setores do sistema financeiro, deem também uma contribuição para reconquistar a confiança no sistema financeiro”, disse, acrescentando que acredita em avanços na matéria na próxima reunião do G-20, em Seul, em novembro.