Há dois anos, a suinocultura começava a sair do vermelho quando foi pega de surpresa pela crise de 2008/09. Agora, passada a tormenta financeira que assolou economias, o setor retomou o fôlego e quer voltar a crescer. A Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) projeta aumento na produção nacional e nas exportações do setor, que devem atingir 650 mil toneladas, 7% mais que em 2009.
Embora tenha recuado em volume nos primeiros cinco meses do ano, o desempenho das exportações é visto como positivo. As vendas caíram 7%, mas os preços médios subiram 23%, incrementando em 13% a receita bruta do setor. Entre janeiro e maio, o Brasil exportou 222,7 mil toneladas de carne suína e faturou US$ 544 milhões, conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Resultado ainda melhor é registrado no Paraná, o terceiro maior produtor e exportador de suínos do país. O estado exportou 33% mais e, com preços 25% superiores, ganhou 66% em faturamento nos primeiros cinco meses de 2010. Foram 23,2 mil toneladas e US$ 54,5 milhões. Com o crescimento, a participação paranaense nos embarques brasileiros de carne suína passou de 7% no ano passado para 10%.
“Ainda não recuperamos a posição que tínhamos no mercado exportador antes da crise da aftosa, mas estamos crescendo”, observa Ana Paula Brenner Busch, técnica do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Em 2005, o Paraná tinha 15% do mercado nacional no exterior.
O impulso para a retomada vem da Rússia, um dos maiores consumidores de carne suína do mundo. Com a economia fortemente abalada pela crise, o país reduziu suas importações, chegando a cancelar contratos. Agora os russos voltam a comprar volumes significativos. Quase metade da carne suína exportada pelo Brasil até maio teve como destino o mercado russo.
No Paraná, a Rússia passou da segunda para primeira colocação no ranking de importadores do setor. Os compradores russos pagaram aos exportadores paranaenses preços 59% melhores, engordando em 276% a receita do setor. Até maio, o país comprou 7,7 mil toneladas do produto e rendeu ao estado US$ 20,8 milhões.
No campo, as cotações se recuperam de forma mais lenta, pondera Ana Paula. “O preço ao produtor está se recuperando, mas ainda não está tão alto quanto deveria estar para o inverno, que é uma época de maior consumo no mercado interno”, observa. Entre janeiro e maio de 2010, os valores recebidos pelos suinocultores paranaenses subiram em média 15%, conforme levantamento do Deral. Atualmente, o suinocultor paranaense recebe em média R$ 2,10 pelo quilo do suíno vivo.
“Para o produtor, não interessa em que nível esteja o preço. O que não pode é oscilar demais. E há três ou quatro meses o mercado está relativamente estabilizado. Isso é bom porque permite planejar a atividade e projetar rentabilidade”, avalia Carlos Francisco Gesdorf, presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS).