Os líderes do G-20 vão prolongar por mais três anos, até o fim de 2013, o compromisso de não elevar novas barreiras a investimentos e ao comércio em bens e serviços, de não implementar medidas inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) para estimular exportações e nem impor novas restrições a exportações.
Esse tipo de compromisso se tornou uma rotina, embora na prática os países rapidamente o atropelem, mais na defesa de seus interesses e menos do interesse geral. Mas o relevante é a indicação do que saiu do debate dos “sherpas”, os representantes dos líderes.
O Valor apurou que havia duas possibilidades: uma, de compromisso de evitar novo protecionismo até o fim da Rodada Doha; e, a outra, no prazo de até 2013. Na prática, segundo fontes, é a mesma coisa. Um alto negociador chegou a dizer que “gostaria de pensar” que Doha acabe dentro de três anos, justamente com o fim do compromisso formal dos líderes.
Além disso, 2013 é a data para a completa eliminação dos subsídios à exportação e para a reforma da Política Agrícola Comum (PAC) europeia, pela qual a União Europeia gasta bilhões em subsídios a seus agricultores.
Não há sinais de aproximações, e sim de mais confrontos, em todo caso. O novo embaixador dos EUA, Michael Punke, soltou ontem as baterias, agora contra a China, acusada de ser o principal causador do impasse na negociação global para liberalizar o comércio. Os americanos exigem ampla abertura dos mercados de China, Brasil e Índia para seus produtos industriais, pois são os mercados mais dinâmicos globalmente. Mas o embaixador aponta a China como o principal complicador.
Os chineses estão de fato se sentindo a bola da vez, agora com mais países latino-americanos, e mais próximos dos EUA, atacando Pequim em vez de Washington.
Por sua vez, a poderosa Copa, central agrícola europeia, teve ontem seu primeiro encontro com o novo comissário europeu de Comércio. E a primeira demanda foi para que a UE não feche acordo de livre comércio com o Mercosul, argumentando que a Europa assim se tornaria “dependente de importações do outro lado do mundo para produtos alimentares essenciais como carnes e açúcar, quando não há controle sobre como são produzidos ou sobre o desmatamento que provocam”.
Os líderes do G-20, em todo caso, vão se autocongratular hoje, estimando que, após a maior queda do comércio mundial em 70 anos, eles não repetiram os erros do passado e não fecharam as portas da economia global. E prometem a manutenção do financiamento de US$ 250 bilhões para exportadores e importadores manterem o comércio dinâmico.