Redação (18/02/2009)- Numa reunião de emergência convocada pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e pela Comissão de Suinocultura da Confederação Brasileira de Agricultura e Agropecuária (CNA), a cadeia produtiva do setor organizou uma pauta de reivindicações visando minimizar os efeitos da crise que se abateu sobre a atividade no país. Logo após o encontro, uma comitiva formada por algumas das mais expressivas lideranças do setor foi ao gabinete do Ministro da Agricultura, Reynold Stephanes, apresentar a lista de pleitos.
O Presidente da ABCS, Rubens Valentini, pediu a Reynold Stephanes que tivesse atenção especial às solicitações cujos efeitos beneficiam diretamente os produtores, “que já estão no limite de suas possibilidades para garantir a sobrevivência no negócio”. Valentini acentuou a condição inovadora das sugestões referentes ao crédito rural (retenção de matrizes e custeio pecuário), através da qual o produtor poderia usar os animais como garantia junto aos bancos.
“É importante ressaltar que o Manual de Crédito Rural do Banco Central já prevê esse mecanismo”, comentou Valentini, para quem a questão se resume a fazer com que os agentes financeiros cumpram o que já está fixado nas regras estabelecidas. O Presidente da ABCS defendeu ainda que os bancos levem em consideração o valor proporcional do tamanho do plantel dos suinocultores, na hora de considerar o volume de empréstimos.
Já o Presidente da Comissão de Suinocultura da CNA, Renato Simplício Lopes, destacou a importância de o setor aproveitar essa oportunidade para desenvolver “o grande potencial do mercado interno brasileiro”.
NOVOS MERCADOS INTERNACIONAIS
Foi discutida a formalização dos acordos sanitários que abram novos mercados para a carne suína no exterior, especialmente no que diz respeito ao Japão e à China. Pedro Camargo Neto, da ABIPECS, comunicou ao Ministro a satisfação do setor em saber que, em resposta às reivindicações colocadas em reunião realizada há quinze dias, o Ministro Stephanes determinou que seus assessores respondessem com imediata presteza aos questionários para os quais haviam estimado necessário um prazo de 60 dias. Mesmo assim, foi reiterado que os questionários fossem devidamente entregues em Pequim e Tóquio nos próximos dias.
Quanto à África do Sul, Camargo Neto lamentou que a missão oficial brasileira tivesse retornado daquele país sem outros progressos além do agendamento de uma reunião para ser realizada em alguns meses. A África do Sul já foi um bom importador de carne suína brasileira, mas desde o episódio da febre aftosa, em 2005, suspendeu as importações. É o único pais que permanece fechado em função dos problemas registrados em 2005.
TRIGO X SUÍNO
Um dos principais itens discutidos na reunião com o Ministro, encaminhado pelas entidades cooperativas foi a possibilidade de concretizar a troca de trigo por carne suína nas negociações em curso entre o Brasil e a Rússia. O Ministro não chegou a dar uma resposta afirmativa, mas indicou que ontem ainda pela manhã entrou em contato esteve reunido com os moinhos para discutir o assunto.
A princípio, os moinhos que no passado já importaram trigo da Rússia estariam dispostos a analisar essa possibilidade comercial, desde que as condições de preço e qualidade do trigo objeto da troca sejam compensatórias. O Ministro acredita que até o final da semana o governo deverá ter uma resposta sobre a viabilidade dessa operação. Camargo Neto ressaltou a importância da medida, considerando que “enxugar uma parte dos estoques provocaria um efeito positivo imediato sobre o mercado brasileiro”.
A FORÇA DA UNIÃO
A cadeia produtiva da carne suína deu uma demonstração de força ontem, ao reunir lideranças dos produtores, indústrias e representantes políticos, que estiveram no auditório da CNA, em Brasília, vindos de várias regiões produtoras do país. Fizeram parte da comitiva que foi ao encontro do Ministro do MAPA, o Deputados Moacir Micheletto (PMDB-PR), Odacir Zonta (PP/SC), Celso Maldaner (PMDB/SC) e Valdir Colato (PMDB/SC), Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária.
Participaram ainda do evento, Enori Barbieri, Vice-presidente da Federação de Agricultura de Santa Catarina, um dos principais estimuladores do evento; Elsio Figueiredo, da Embrapa Suínos e Aves; Genoir Poli, da Aurora;Raulino Machado, Vice-Presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso; José Cardoso Penna, da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais; J. Batista Manfio, da Associação dos Produtores do Paraná; Cléo Barbiero, da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul; Losivânio Lorenzi, da Associação dos Criadores de Suínos de Santa Catarina; Marcelo Lopes, da Associação dos Criadores do Distrito Federal; Nélio Hand, da Associação de Suinocultores do ES, além de representantes do MAPA, do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e do Comércio Exterior e de inúmeras empresas da a área processamento.
A seguir, a íntegra da lista de propostas encaminhadas ao Ministro da Agricultura pelos líderes da cadeia produtiva da suinocultura brasileira:
• Aceitação, pelo agente financiador, do estoque de carne e do plantel, como garantia no acesso ao crédito disponibilizado ao produtor integrado (R$ 50.000,00/produtor) e do EGF de milho para agroindústria (R$ 20.000.000,00 por CNPJ);
• Elevação para R$ 20 milhões do limite para operações por CNPJ;
• Medidas para dar liquidez aos créditos de PIS e COFINS das empresas;
• Aceleração das ações governamentais para conquista de novos mercados e recuperação de mercados perdidos;
• Discussão do “memorandum” de entendimento Brasil – Rússia;
• Trocas governamentais de suínos por trigo com a Rússia;
• Aquisições governamentais de 50.000 t de carne suína;
• Draw-back verde amarelo;
• A elevação dos limites de custeio pecuário para suinocultura independente, de acordo com a capacidade de garantia do rebanho, aceitando os animais como garantia;
• Recriação linha de crédito de retenção de matrizes, extra limite das demais operações dos suinocultores, de acordo com a capacidade de garantia do rebanho.