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A difícil recuperação da suinocultura

Principais produtores do país vão se reunir no mês de julho, no 13o Seminário Nacional de Suinocultura, em Foz do Iguaçu (PR).

Redação (09/03/2009)- Os criadores de suínos estão com a luz vermelha acesa. A baixa nos preços de mercado para os produtores, que desde o mês de outubro já chegou aos 30%, ainda não dá sinais de reação. Para vencer a crise, os principais produtores do país vão se reunir no mês de julho, no 13º Seminário Nacional de Suinocultura, em Foz do Iguaçu. Representantes da indústria e do varejo terão que encontrar alternativas para equilibrar os prejuízos tanto dentro dos frigoríficos quanto nas gôndolas dos supermercados.

"Na verdade, quem está arcando com as contas da crise são os produtores". A declaração é de Irineu Wessler, presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), que contabiliza um prejuízo de R$ 0,70/quilo se comparados o custo de produção – que é de R$ 2,40/quilo – contra os valores das cotações de mercado que oscilam na faixa do R$ 1,70/quilo. "Por isso o produtor não está resistindo", conclui.

Devido ao seu potencial, a responsabilidade do impacto recaiu sobre a Rússia. Detentores de uma importante parcela das exportações brasileiras, após a retração de 150 mil toneladas, se comparados os montantes de 2007 – que computou 680 mil/t – contra 2008, quando o volume baixou para 530 mil/t. "Por isso, esse excedente que seria destinado à exportação está sendo desovado no mercado interno. Isso baixa os preços porque aumenta a oferta", avalia.

Se de um lado, as quedas para os produtores foram inevitáveis, de outro, o consumidor não sentiu o repasse na hora de pagar a conta. "As quedas no varejo não estão nas mesmas proporções", observa. Com intuito de ratear as perdas, no encontro haverá mesas reunindo produtores, indústria e supermercadistas para debater um ajuste de preços. "Todos precisam ganhar uma fatia menor, por isso ela tem que ser discutida de maneira proporcional", sugere.

Mas a tarefa dos suinocultores não é fácil. Como o consumo percapta da carne de porco no Brasil é de modestos 13 quilos/mês, se comparado ao potencial do mercado europeu que consome até 73 quilos/mês por habitante. Wessler ressalta ainda que a maior fatia de consumo é da carne industrializada. "São apenas quatro quilos de carne in-natura por habitante. Ainda é muito baixo".

O mercado ia bem até o final do primeiro semestre de 2008. Em negociações bem sucedidas com exportadores, o preço por quilo chegava a beirar os R$ 3,50 deixando as cotações da tabela como figurantes. "Mas nossa alegria durou até a hora que os preços despencaram", avalia o presidente da APS. Em contrapartida, o momento é de dificuldades por causa dos custos de matéria-prima (milho e soja) que aumentaram nos dois últimos meses.

Por isso, Wessler elenca o excesso de oferta como o maior problema da suinocultura atualmente. Com um potencial mercado exportador consumindo grande parte da produção brasileira, estados como o Rio Grande do Sul e Santa Catarina aumentaram sua produção de matrizes. "Mas agora com as portas do exterior fechadas, os produtores não encontraram outra alternativa senão desovar tudo nos mercados do Paraná e de São Paulo".