Redação (19/03/2009)- Explode o buraco no financiamento do comércio internacional. Uma reunião ontem na sede da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra, com bancos e especialistas de todo o mundo, constatou que o déficit no financiamento do comércio já chega a US$ 100 bilhões, quatro vezes mais que o déficit em novembro.
A falta de créditos está sendo apontada com uma das causas para a queda das exportações. Projeções indicam que o comércio vai perder 10% em volume em 2009. Segundo especialistas, os emergentes estão entre os mais afetados e podem sofrer impacto ainda maior nas vendas nos próximos meses.
Entidades e bancos regionais estudam medidas para contornar a crise. O Banco Mundial deve anunciar na reunião do G-20, em abril, um fundo de US$ 11 bilhões para ajudar a financiar o comércio. O efeito multiplicador desse fundo poderia resultar em US$ 50 bilhões por ano para o comércio. Mas especialistas indicaram ontem que os problemas estão crescendo em ritmo mais rápido que as soluções.
Do fluxo de US$ 13 trilhões de comércio mundial, 90% ocorre apenas graças ao financiamento.Uma das soluções discutidas é a injeção de recursos do Banco Mundial e bancos regionais, junto com bancos privados. Mas, por enquanto, os especialistas não conseguiram identificar se o recuo no financiamento ocorre por falta de créditos ou se é resultado da queda de demanda dos últimos meses nos países ricos e na China.
Todas as regiões estão sofrendo quedas bruscas na exportação. A projeção do Escritório de Análise Econômica da Holanda é de que a queda no Brasil seja de pelo menos 11% no ano, em volume.
O Banco Mundial fez a sua avaliação, indicando que 10% da queda do financiamento ocorreu por causa da falta de créditos. O restante seria por falta de demanda.
Uma das preocupações citadas no encontro, que teve a participação do Tesouro americano, foi a "rápida deterioração" do crédito para países emergentes.Somando todas as linhas de crédito para essas economias, o Banco Mundial estima que o déficit pode chegar a US$ 900 bilhões, incluindo não apenas o financiamento do comércio.
Especialistas voltaram a pedir aos governos que não adotem medidas protecionistas, o que agravaria a crise. Já o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, se limitou a dizer que a entidade "mobilizaria energia política" para resolver o problema.