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Manejo

Ruídos dos suínos

Pesquisa da Esalq avalia nível de ruído emitido por suínos como fator de bem estar.

Vários são os indicativos de bem estar animal que, atualmente, se apresentam como uma exigência mundial para os sistemas de produção industrial de animais. Além de todos os cuidados com a sanidade, nutrição, avanços no melhoramento genético, há uma preocupação na comunidade científica em dar respostas ao comportamento dos animais e seu bem estar. Partindo do princípio que a linguagem animal é comportamental, pesquisadores já iniciaram há alguns anos estudos sobre a emissão e identificação dos sons emitidos pelos mesmos e a pressão sonora (ruído) emitida pelos animais é outro indicativo de conforto.  “No caso da suinocultura, tanto o nível de ruído quanto a vocalização tem-se mostrado uma informação bastante interessante, pois fornecem dados do animal de forma não invasiva”, afirma Giselle Borges, engenheira agrícola que desenvolveu, junto ao Núcleo de Pesquisa em Ambiência (Nupea) da Esalq – USP, um estudo com suínos nas fases de pós-desmame e creche.
 

Conduzida sob orientação da professora Késia Oliveira da Silva Miranda, a agrônoma delineou a pesquisa em uma granja comercial no município de Monte Mor/SP, instalando decibelímetros para a captação do nível de ruído emitido pelos suínos em confinamento. Para a situação de campo, os animais apresentaram níveis de ruídos mais elevados quando em situações de desconforto térmico, comparados à condição de conforto. Porém, em experimento conduzido em câmara climática, foi estudada a emissão do nível sonoro dos suínos quando submetidos a variações na temperatura ambiente, partindo de um ambiente confortável até uma condição de estresse térmico elevado. Em câmara climática, os suínos apresentaram nível de ruído mais elevado em condições de conforto, quando comparado ao desconforto, fato esse, devido à elevada temperatura (38°C) em que foram expostos, ocasionando a prostração dos animais.
 
“Os resultados encontrados em ambos os estudos, apesar de divergentes entre si, servem para ilustrar que, quando se trabalha com pesquisas envolvendo animais de produção, com o objetivo de caracterizar suas condições de bem estar, a mudança de ambiente exerce grande influencia nas respostas, sejam elas comportamentais (incluindo as sonoras), fisiológicas e muitas vezes produtivas. Como o nível de ruído é uma variável que depende somente dos animais e do ambiente no qual estão confinados, a comparação entre os resultados é uma tarefa árdua e soluções complicadas no momento envolvendo softwares de transformação de sinais e o estabelecimento de condições padrões de “sons” característicos de cada situação”, destaca a pesquisadora.
 
Segundo Giselle, trata-se de uma área inovadora no país, onde existem poucos profissionais que atuando, estudos relacionando à resposta dos animais, às diversas situações do ambiente de produção intensiva, por intermédio da emissão de ruídos, é recente e desafiadora e ainda temos muito que trabalhar nessa linha de pesquisa. “Com os dados dessa pesquisa, adquirimos um banco de dados dos níveis sonoros dos suínos, e pretendemos, futuramente, subsidiar aos produtores com um software para aquisição e análise das informações fornecidas pelos próprios animais. Assim, os produtores terão em mãos um auxiliar na tomada de decisão, proporcionando condições ideais e necessárias, atendendo às exigências das normas de bem-estar animal e consequente redução de perdas na produtividade”, enfatiza.  Ainda completa que “esta é uma linha de trabalho do Nupea, que envolve engenheiros agrícolas e agrônomos, médicos veterinários, zootecnistas, analista de sistemas e engenheiros de softwares. Não há dúvidas que, em poucos anos, os animais estarão expressando por sons e ruídos que serão facilmente identificados pelos tratadores, produtores e profissionais da produção”, prevê a autora da pesquisa.