Desenvolvimento de filmes comestíveis, de plástico biodegradável de fonte renovável, entre outras, são algumas das pesquisas que já estão sendo conduzidas no Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA), a ser inaugurado nesta quinta-feira, 28, a partir das 10h30, na Embrapa Instrumentação Agropecuária (São Carlos-SP), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O Laboratório consumiu recursos da ordem de R$ 10 milhões, sendo R$ 4 milhões provenientes da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), destinados à aquisição de equipamentos importados e outros fabricados no Brasil especificamente para o LNNA. A cerimônia de lançamento contará com a presença do ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende.
O Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio ocupa uma área de 700 metros quadrados e é uma iniciativa pioneira no mundo nesta linha de pesquisa. Após o seu lançamento em abril de 2006, foi criada a Rede de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio no final deste mesmo ano, na qual estão envolvidos 64 pesquisadores de 28 instituições, sendo 19 unidades da Embrapa e 17 centros acadêmicos de excelência no país. A Rede atuará em três linhas de pesquisa: sensores e biossensores para monitoramento de processos e produtos; membranas de separação e embalagens biodegradáveis, bioativas e inteligentes; novos usos de produtos agropecuários.
O chefe-geral da Embrapa Instrumentação Agropecuária, Álvaro Macedo da Silva, considera o LNNA um marco na consolidação da infraestrutura de equipamentos avançados e dedicados a Nanotecnologia. “O Laboratório colocará o Centro em posição ímpar no país em um tema de destaque como o agronegócio e no qual já vem realizando pesquisa desde 1997, com a aquisição do Microscópio de Força Atômica, avaliado em cerca de US$ 160 mil”.
Para o coordenador da Rede e chefe de P&D da Embrapa Instrumentação Agropecuária, Luiz Henrique Capparelli Mattoso, a nanotecnologia permite não somente conhecer a matéria em sua forma estrutural mais elementar, aquela em que os átomos e as moléculas interagem e se organizam, mas também ter acesso à escala de alguns milionésimos de milímetros para entender as leis que governam este mundo invisível, onde a lei gravitacional, por exemplo, não é dominante, e poder usufruir de propriedades excepcionais no mundo macroscópico, visível. “O agronegócio é uma área onde o nosso país pode ter maior competitividade em nanotecnologia, graças às especificidades da agricultura tropical. A Embrapa tem um grupo de excelência de pesquisadores altamente capacitados para acompanhar e promover avanços do conhecimento neste tema”. No Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio podem ser desenvolvidas pesquisas para aplicação de novas ferramentas para biotecnologia e nanomanipulação de genes e materiais biológicos; desenvolvimento de catalisadores mais eficientes para produção de biodiesel e utilização de óleos vegetais e outras matérias-primas de origem agrícola para produção de plásticos; tintas e novos produtos, produção de nanopartículas para liberação controlada de nutrientes, pesticidas e drogas; nanopartículas e nanodeposição de filmes bioativos para biofiltros, membranas e embalagens biodegradáveis e/ou comestíveis para alimentos.
Mattoso acredita que os desafios nesta nova área de fronteira do conhecimento estão na capacidade do País reconhecer o potencial desta tecnologia e conseguir, rapidamente, priorizar investimentos significativos em nanotecnologia para o agronegócio, integrando esforços das mais variadas instituições de pesquisa e empresas do setor. “As oportunidades são imensas e altamente promissoras, e espera-se que o Brasil não perca o bonde da inovação em uma área em que o país tem demonstrado vocação, capacidade e competência: o agronegócio”.