Redação (19/01/2009)- "O produtor que está no vermelho não pensa no verde". Com esta frase Antonio Roque Dechen, diretor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), de Piracicaba, sintetiza os desafios que a agricultura sustentável tem que enfrentar no Brasil. Além de garantir a rentabilidade do produtor e a preservação dos recursos naturais, o modo de produção deve atender as exigências do mercado externo.
"O homem tem que produzir pensando no futuro, na rentabilidade necessária para viabilizar o seu negócio, pensando nas dimensões econômicas, sociais e ambientais. Não existe sustentabilidade sem lucro", afirma Dechen destacando a importância da sustentabilidade econômica da atividade agrícola.
Além de possibilitar a preservação de recursos naturais e a manutenção das condições de vida e de segurança alimentar, o modo de produção sustentável é determinante para a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. De acordo com Rechen, países da União Européia e outros compradores impõem restrições aos produtos que não obedecem alguns critérios de produção.
Os importadores averiguam aspectos relacionados à utilização de defensivos agrícolas, preservação de recursos hídricos e respeito aos direitos humanos. "Condições de trabalho podem ser determinantes na tomada de decisão dos compradores", afirma. Dessa forma, reforça, a rastreabilidade é uma das prioridades do agronegócio brasileiro.
Além da conscientização de que o futuro depende de mudança de comportamento, tecnologias estão à disposição da agricultura e pecuária e "são imprescindíveis", na opinião de Rechen. Segundo ele, com os conhecimentos disponíveis é possível atingir a sustentabilidade ambiental, econômica e social.
A otimização no uso dos recursos naturais é palavra de ordem na busca pela sustentabilidade ambiental. O produtor deve adotar métodos de produção ambientalmente sustentáveis, utilizando produtos registrados, sementes certificadas e combater sistematicamente a degradação de ecossistemas e o desmatamento de áreas florestais. "Deve-se estar atento à legislação e à destinação dos resíduos", complementa Rechen.
A qualidade de vida das pessoas e da comunidade deve ser o foco quando se fala em sustentabilidade social. "Os principais desafios para o Brasil são o combate ao trabalho escravo ou infantil, melhoria das condições de trabalho e garantia da segurança com respeito à regulamentação e utilização de equipamentos", descreve.