A segunda Assembleia Geral dos Credores (AGC) do grupo Arantes terminou sem qualquer acordo. O encontro de ontem foi novamente suspenso pelos bancos credores. A próxima tentativa de acordo ficou para o dia 12 de janeiro de 2010, no Ipê Park Hotel, na Rodovia Washington Luis, São José do Rio Preto (SP). No dia 9 de janeiro do próximo ano, completa um ano que o grupo Arantes entrou com pedido de recuperação judicial.
Em Mato Grosso a dívida do Arantes chega a R$ 13 milhões com pecuaristas. A dívida do frigorífico com demais fornecedores é de mais de R$ 30 milhões e com os trabalhadores cerca de R$ 10 milhões. A maior fatia, no entanto, é junto a 22 instituições bancárias com R$ 1,1 bilhão.
“De lá para cá muita espera e perseverança dos pecuaristas que têm um mais de R$ 20 milhões para receber. Os bancos mais uma vez emperraram o acordo. Eles estão se esquecendo que boi não sai dos caixas eletrônicos, não nascem nos cofres das instituições financeiras”, aponta o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.
Ele alerta que, “se o frigorífico não voltar a funcionar e os pecuaristas não entregarem boi para o abate, os banco vão deixar de receber os mais de R$ 1 bilhão que o Arantes deve para eles. Os banqueiros devem pensar melhor antes de agir. Sem o boi, essa cadeira produtiva não funciona”.
O presidente da Comissão de Credores dos Frigoríficos em Recuperação Judicial de Mato Grosso, Marcos da Rosa, frisa que o total devido aos trabalhadores e aos pecuaristas não representa nem 3% do volume devido. “Os bancos não estão preocupados com a situação dos pecuaristas e trabalhadores. Eles se reúnem madrugada afora e decidem o que quiserem, pois têm a força econômica do lado deles. Além de termos de esperar mais de um ano para receber o que temos direito, temos de investir pesado para acompanhar as assembleias gerais. Isso é muito desgastante e frustrante, mas vamos continuar brigando por nossos direitos”, garante.
Nenhuma nova proposta foi apresentada pelo Arantes. A proposta oficial do frigorífico para os pecuaristas continua sendo o pagamento da dívida em 12 parcelas, sem correção de juros e garantias de pagamento, a contar a partir da homologação do plano na AGC. Os pecuaristas continuam exigindo juros e correção monetária da dívida pela taxa Selic a partir da data do pedido da recuperação judicial, e pagamento em 90 dias após a homologação do Plano na assembleia.
“Vamos para a terceira tentativa com a mesma disposição da primeira, e avisamos que não vamos aceitar a proposta que consta no Plano oficial. Além de não nos darem nenhuma garantia, ainda não aceitam corrigir a divida”, anuncia Vacari.