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Por que a gripe aviária não causou pandemia?

<p>Pesquisadores ingleses e norte-americanos descobrem que o H5N1 deveria sofrer duas mutações genéticas para ser transmissível.</p>

O vírus da influenza aviária deveria ter sofrido pelo menos duas mutações genéticas simultâneas para que pudessem ser transmitidas facilmente de humanos para humanos, de acordo com a pesquisa publicada na PLos One.

Os autores do novo estudo, do Imperial College, de Londres e das Universidade Reading e da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, argumentam que é muito improvável que duas mutações genéticas ocorram ao mesmo tempo. Esta é principal causa da gripe não ter se tornado uma pandemia.

No começo do ano, os pesquisadores da Imperial também mostraram que o vírus da gripe aviária não prospera em seres humanos porque, a 32°C, a temperatura do nariz de uma pessoa é muito baixa. Atualmente, o vírus H5 só pode infectar uma das duas principais células da boca e do nariz, as conhecidas como ciliadas. Para que vírus seja transmitido de pessoa para pessoa, ele precisa ser capaz de infectar a outra célula, não ciliada.

Para infectar uma célula, o vírus da gripe usa proteína chamada HA, que se liga a uma molécula receptora na superfície da célula. No entanto, ele só pode fazê-la se a proteína se encaixar no receptor específico. A pesquisa mostra que o H5 só seria capaz de fazer esse tipo de adaptação se tivesse passado por duas mutações genéticas simultâneas.

A professora Wendy Barclay, autora correspondente do estudo da Divisão de Investigação Science no Imperial College de Londres, disse: “O H5N1 é um vírus particularmente desagradável, por isso, quando as pessoas começam a se infectar com a gripe das aves, elas começam à entrar em pânico. Uma pandemia de H5N1 seria devastadora para a saúde global. Felizmente nós não tivemos um grande surto e isso levou várias pessoas a se perguntar: O que aconteceu com a gripe das aves? Por isso pesquisamos o porquê do vírus não ser capaz de se transmitir de pessoa a pessoa”, afirma.

“Nossa pesquisa sugere que é menos provável do que pensávamos que o H5N1 cause uma pandemia, porque ele não consegue infectar as célular diretamente. As probabilidades dele sofrer uma mutação dupla são extremamente baixas. No entanto, os vírus sofrem mutações o tempo tempo, por isso não devemos ser tão complacentes. Nossos resultados não sugerem que essa pandemia nunca possa acontecer. É importate que os cientistas continuem trabalhando em vacinas para proteger os seres humanos se tal evento ocorrer”, acrescenta Barclay.

O professor Ian Jones, lídes da pesquisa da Universidade Reading, comenta: “Teria sido impossível fazer essa pesquisa se houvesse uma mutação real do H5N1. No entanto, nossa abordagem recombinante permitiu-nos seguramente abordar a questão da adaptação do H5, o que é muito improvável”.

Além de explicar capacidade limitada de transmissão do vírus entre humanos, a nova pesquisa também permite uma melhor compreensão do vírus. Eles acreditam que isso pode contribuir para o desenvolvimento de uma vacina melhor, no caso pouco provável de se ocorrer um surto.

Os pesquisadores utilizaram um modelo realista do interior das vias aéreas humanas para estudar a ligação do H5 às células. Eles fizeram alterações genéticas na proteína HA para mudar sua forma, para testar se o vírus seria reconhecido e poderia infectar os dois tipos de células. Os resultados mostraram que o vírus precisaria de duas alterações em seu genoma para que pudesse infectar essas células.

Os cientistas então investigaram formas intermediárias do vírus, com uma ou outra mutação, para verificar se a mudança poderia ocorrer de forma gradual. Eles descobrira que as versões intermediárias não podem infectar as células humanas, pois morreriam antes de serem trasmitidas.

* Tradução Avicultura Industrial