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Soja

Soja: Comercialização disputada

<p>Exportações de soja do Brasil e dos EUA podem entrar em conflito em 2010. Colheita pode gerar oferta simultânea dos países.</p>

O atraso das colheitas de soja nos EUA, devido às chuvas, e uma provável colheita precoce no Brasil podem criar um cenário de conflito de oferta simultânea dos dois maiores exportadores da oleaginosa, frente à demanda global no início de 2010. A preocupação do mercado norte-americano é sinalizada em reportagem publicada pela agência de notícias Reuters.

Os Estados Unidos normalmente dominam o mercado mundial de soja, de outubro a março, e depois o Brasil e a Argentina (terceiro maior exportador) geralmente tomam o controle com sua soja recém-colhida e vendida a preços mais baixos.

Qualquer mudança significativa nesse padrão depende do ritmo da colheita nos EUA, do desenvolvimento das safras no Brasil e da demanda da China, o maior comprador de soja do mundo.

“A logística e os atrasos na colheita nos EUA podem, em alguns casos, resultar em perdas permanentes de negócios se os produtos da safra precoce não forem embarcados e se os importadores perceberem que podem viver sem eles”, disse Anne Frick, analista da Prudential Bache Comodities.

Os produtores dos Estados Unidos têm enfrentando chuvas que freiam as colheitas neste outono para conseguir colher uma safra recorde, que irá ajudar a satisfazer a alta demanda por exportação.

Enquanto isso, os estoques excepcionalmente pequenos e a demanda recorde da China elevaram os preços no mercado global da soja, aumentando o incentivo para que produtores brasileiros se apressassem para trazer uma nova safra ao mercado, o mais cedo possível.

Alguns produtores brasileiros que contaram com a ajuda das chuvas no início da temporada de plantio estão conseguindo maturação rápida e esperam captar bons preços para as entregas em janeiro e em fevereiro.

“Ainda veremos se a soja brasileira chegará ao mercado a tempo para essas entregas. Ela poderá pegar um pedaço do mercado exportador dos EUA, mas isso ainda é totalmente imprevisível neste momento”, disse Frick.

Começo lento para exportações dos EUA

O menor estoques de soja dos EUA em 31 anos e a colheita mais lenta em 24 anos fez com que os exportadores norte-americanos se agitassem para cumprir suas entregas do início da temporada.

As exportações de soja para o ano comercial de 2009/10, que começou em 1º de setembro, já estão 76% a frente do ritmo dos últimos anos, de acordo com informações do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

Analistas informam que as exportações norte-americanas, projetadas pelo USDA em 35,52 milhões de toneladas em 2009/10, serão embarcadas em massa no primeiro semestre do ano comercial, antes que a próxima safra sul-americana tome conta do mercado.

As inspeções de exportações de soja – o volume estocado em navios para a entrega – aumentou recentemente e está à frente do ritmo dos últimos anos, mas os analistas informam que elas precisam ser mais fortes para atender à forte demanda por exportação.

Enquanto isso, a lentidão nas colheitas aumentam os riscos de que algumas das compras sejam canceladas, informam os analistas.

Plantio precoce no Brasil
Alguns produtores brasileiros estão acelerando sua produção para conseguir preços maiores que os processadores e exportadores estão dispostos à pagar antes que a principal remessa de soja invada o mercado.

O plantio em Mato Grosso, o maior produtor de soja do Brasil e o primeiro estado a começar a plantar, estava 23% completo até dia 16 de outubro, 10% a frente do mesmo período do ano passado, informou analistas da Celeres esta semana.

Em uma região do Mato Grosso, 30% da safra já está plantada com soja precoce já maturando, informou Kory Melby, um consultor de grãos baseado no estado de Goiás.

“Eu acredito que até dia 10 de janeiro, Mato Grosso terá 500 mil toneladas de soja colhidas, até 1º de janeiro, terá 1 milhão e em 30 de janeiro, terá 2 milhões”. Ele informou. “Essas primeiras 500 mil toneladas de soja devem chegar ao mercado duas semanas antes que o normal”.

No entanto, muitos analistas informaram que a demanda restrita de processadores domésticos no Brasil poderia limitar o fluxo de soja precoce para os canais de exportação, minimizando a sobreposição com a temporada de exportações dos EUA.

“O Brasil não terá tanta soja para vender no mercado internacional desta vez”, informou Antonio Sartori, presidente da Brasoja, no Rio Grande do Sul, o terceiro estado com maior produção de soja do País. “O mercado local irá manter a soja precoce no País, oferecendo preços melhores que os portos, neste período da colheita. Nós estamos falando de grandes esmagadores, alimentação animal e os mercados de biodiesel”.