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Commodities

Safra dos EUA reduz preço de grãos

<p>Cotações médias recuam. Todos os anos pressão sobre as cotações perdura até os EUA concluírem ao menos 70% de sua colheita.</p>

As cotações internacionais dos principais grãos confirmaram as expectativas e recuaram em setembro na comparação com agosto, conforme cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) comprados e vendidos na bolsa de Chicago, principal referência global para os mercados de soja, milho e trigo.

Para soja e milho, pesou o aumento da oferta decorrente do início da colheita da safra 2009/10 no Hemisfério Norte, sobretudo nos Estados Unidos, como é normal nesta época do ano no caso da ausência de problemas significativos provocados por adversidades climáticas.

Segundo Vinícius Ito, analista da Newedge baseado em Nova York, todos os anos esta pressão sobre as cotações perdura até os EUA concluírem pelo menos 70% de sua colheita, o que costuma ocorrer no fim de outubro.

Ito também realça que os fundos especulativos, que normalmente elevam as apostas nos grãos durante o plantio acima do Equador, à espera de oportunidades de lucrar com as expectativas meteorológicas, reduzem a presença nesses mercados com o avanço da colheita e a diluição da força do “weather market”.

Foi nesse contexto que os contratos de segunda posição da soja encerraram setembro com cotação média de US$ 9,3335 por bushel, 9,12% abaixo da média de agosto. É um patamar ainda muito superior à média histórica de US$ 6 que os traders se acostumaram a considerar até 2007, mas em 2009 a alta acumulada caiu para 6,95% e nos últimos 12 meses a queda já alcança 21,19%.

No caso do milho, cujos preços subiram menos que os da soja no primeiro semestre em Chicago em virtude da quebra da última safra sul-americana de grãos, a baixa de setembro – de 0,44% em relação a agosto, para US$ 3,3255 por bushel – ampliou as perdas acumuladas para 11,35% neste ano e para 40,23% em 12 meses.

Como consultorias e corretoras como RC, Safras&Mercado, Tetras e Brasoja vêm chamando a atenção há algum tempo, as perspectivas de recuperação da produção na América do Sul em 2009/10 também já atua como influência negativa nos mercados de soja e milho.

Conforme a Tendências Consultoria Integrada, a tendência de desvalorização do dólar pode compensar a prevista pressão do aumento da oferta, o que reforça na empresa a expectativa de estabilidade de preços no que resta deste segundo semestre.

Para o trigo, os elevados estoques americanos e mundiais continuaram a atuar como fator “baixista”, num momento em que a demanda em alguns países, os EUA entre eles, ainda derrapa por causa da crise financeira, de acordo com Vinícius Ito. Em setembro a baixa foi de 7,67%, para US$ 4,7462 por bushel, ampliando a retração em 2009 para 13,63% e em 12 meses para 35,84%.

Na bolsa de Nova York, as chamadas “soft commodities” também sofreram forte influência dos fundamentos de oferta e demanda, mas houve altas e baixas, com destaque, uma vez mais, para uma nova disparada do açúcar, que segue no maior patamar de preços em quase 30 anos.

Com valorização acumulada de 95,75% em 2009, sempre segundo o critério de preços médios mensais, a commodity segue sustentada pela menor oferta da Índia, segundo maior país produtos (atrás do Brasil), na temporada 2009/10. O ritmo da colheita de cana no Centro-sul brasileiro, ainda lento, também oferece sustentação.

Aqui, a pergunta que vale um milhão é se há fôlego para nova valorização. Nas últimas semanas, a commodity rompeu a barreira dos 24 centavos de dólar por libra-peso em Nova York, e a expectativa é que os 25 centavos também sejam superados nos próximos dias. Alguns analistas apostam que até junho de 2010 a barreira de 30 cents poderá ser ultrapassada.

Outros afirmam, porém, que não há suporte para tanto, mesmo com a expectativa de déficit global superior a 8 milhões de toneladas em 2009/10. Em setembro, a cotação média do açúcar atingiu 23,22 cents, com elevação de 3,27% sobre agosto.

O cacau é outra “soft” que encontra em previsões de déficit global, em grande medida graças a problemas na Costa do Marfim, um confortável colchão. Daí o salto de 5,99% de setembro, para US$ 3.057,86 por tonelada e a valorização de 25,16% em 2009.

No café, o mercado já especula o tamanho da produção brasileira no próximo ciclo (2010/11), que poderá superar os 50 milhões de sacas. A expectativa de recorde da produção do Brasil, maior produtor e exportador mundial, ajudou a tirar o suporte das cotações futuras do grão no mês passado, e seu preço médio recuou 0,41% sobre agosto, para US$ 1,3008 por libra-peso. Os cafezais do país estão em plena fase de floração.

No mercado de algodão, que sofre influências diretas de notícias macroeconômicas, o mercado reflete a expectativa de maior demanda pelo produto americano. Os preços médios da fibra no mês de setembro fecharam a 62,03 centavos de dólar por libra-peso, com aumento de 2,36%. No ano, acumula valorização de 36%.

Para o suco de laranja, finalmente, setembro foi mais um mês de baixa, influenciada pela persistente fraca demanda.