A suinocultura brasileira vive um momento delicado. A oferta de animais está maior que a demanda interna e externa, refletindo diretamente nas cotações da carne suína. Em praticamente todas as regiões produtoras do Brasil, o suinocultor está pagando para produzir.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Irineu Wessler, o momento atual exige cautela do produtor e a melhor forma de combate à crise é acreditar no potencial do mercado interno. “Hoje estamos enfrentando a crise mais extensa da história da suinocultura e o produtor está desesperado”, afirmou. “Com estes prejuízos, os recursos são escassos, inclusive, para comprar ração para os animais”.
Wessler explica que o problema no ajuste de oferta e demanda não é uma exclusividade brasileira. China, Estados Unidos e Canadá, por exemplo, também sofrem com o excesso de suínos e estão promovendo o descarte de seus animais.
O descarte de matrizes, aliás, também está sendo adotado pelo setor no Brasil na tentativa de elevar o preço do suíno. “O ajuste do plantel é fundamental”, avalia. “O uso da denominação gripe suína diminuiu a demanda no mundo todo. Agora precisamos nos voltar para o mercado interno e aumentar o consumo per capita nacional”.
Apesar do foco no mercado doméstico, Wessler também enfatiza a importância da abertura de novos mercados para a carne suína brasileira. “Valorizar o consumo no mercado interno não quer dizer que as exportações não são importantes. A abertura de novos mercados é sempre favorável”, disse. “Mas observamos que a população dos países grandes produtores são grandes consumidores de carne suína. Nosso potencial interno é grande”.
A ABCS também está reivindicando ao governo a renegociação das dívidas dos suinocultores. A entidade pleiteia carência de um ano e prazos mais elásticos para o pagamento das dívidas. “Queremos que o produtor possa se manter na atividade”.
Novo Olhar – Para incentivar o consumo interno, a ABCS segue seu trabalho com a campanha “Um Novo Olhar Sobre a Carne Suína”. O objetivo é mudar a forma de distribuição, apresentação e comercialização do produto suinícolas nos pontos de vendas para que possam atender às expectativas do consumidor.
De acordo com Wessler, após intenso trabalho realizado na região Sul e em São Paulo, a campanha deve agora seguir para o Rio de Janeiro e Nordeste. “Queremos entrar no Nordeste, uma região com mais de 34 milhões de habitantes, e no Rio de Janeiro, com 15 milhões, para apresentar a qualidade da carne suína e, consequentemente, mostrar os novos cortes técnicos”.