De junho para julho as grandes tendências do crédito no Brasil se mantiveram as mesmas. Observando-se os dados na abertura pelas grandes categorias de tomadores de crédito, prosseguiu o crescimento das concessões às pessoas físicas, enquanto o volume de empréstimos às empresas continuou fraco (movimentos que não foram interrompidos até meados de agosto, de acordo com os dados parciais divulgados pelo Banco Central).
Já a participação relativa das grandes categorias de credores -bancos públicos e bancos privados- também evoluiu na mesma direção que vem sendo verificada desde outubro do ano passado (momento em que a crise global de travamento do crédito se aprofundou dramaticamente). O peso dos bancos públicos no estoque total de empréstimos aumentou novamente, e até com maior velocidade do que nos meses anteriores, ao passar de 38,5% para 40% entre junho e julho.
É óbvio que essa elevação foi inflada por uma operação gigantesca (que envolveu desembolso, no mês, da ordem de R$ 19 bilhões) entre o BNDES e a Petrobras. Mas, mesmo quando se exclui das contas esse empréstimo de dimensão excepcional, a conclusão não se altera: os bancos públicos continuaram, em julho, a ampliar sua participação no mercado de crédito.
Pelo lado do crédito às famílias, o aperto verificado no final de 2008 parece definitivamente superado: o aumento da confiança dos consumidores e a recuperação do mercado de trabalho prenunciam uma continuidade da alta das concessões.
Mas é evidente que duas dificuldades, entrelaçadas, ainda não foram superadas: a escassez de crédito para as empresas (sobretudo as de menor porte) e a timidez da oferta de crédito pelas instituições privadas.
Anunciado em meados de maio, o Fundo Garantidor de Crédito -que ressarcirá a instituição financeira que vier a sofrer inadimplência em novos empréstimos concedidos a empresas médias e pequenas- só muito recentemente começou a operar. Dentro de algumas semanas será possível verificar se ele se revelará eficaz para aliviar a asfixia de crédito de que muitas empresas de menor porte ainda vêm padecendo.