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Economia

Valor do suíno cai e não cobre custos

<p>Medida adotada pelos produtores do MT é a comercialização do animal para abate com um peso menor.</p>

A produção e consumo de carne suína em Mato Grosso se manteve estável, apesar da redução no preço no primeiro semestre deste ano. “As exportações se mantiveram, mas o preço caiu em torno de 40%”, comentou o suinocultor e diretor da Coopermutum, Valdomir Otonelli.

O volume de exportação foi de 12,8 mil toneladas no período de janeiro a junho deste ano, contra 7,8 mil no mesmo período do ano passado.

Isso significou um crescimento de 11,12%, segundo dados da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt).

Os principais países importadores de carne suína são Rússia, seguida de Hong Kong, Cingapura e China. “Se fizermos um paralelo em relação ao ano passado, [o preço] caiu bastante”, diz.

No primeiro semestre do ano passado, o preço médio do quilo de carne suína estava estimado em R$ 3. Neste ano, o preço pago ao produtor pela mesma quantidade não supera a margem de R$ 1,75 a R$ 1,80. Isso representa uma queda média 40% no período.

De acordo com o gerente da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Custódio Rodrigues de Castro, o custo de produção médio para o suinocultor de Mato Grosso é de R$ 2,05 o quilo, enquanto o preço de comercialização com os frigoríficos não supera R$ 1,80.

Ainda assim, o custo de produção para o suinocultor mato-grossense é menor se comparado com outras regiões brasileiras, como o Rio Grande do Sul, uma vez que o confinamento do rebanho é facilitado com a produção em alta escala de soja e milho. “Nosso problema é que temos um custo de logística maior”, lembra Otonelli.

Nesse contexto de crise, uma medida adotada pelos produtores é a comercialização do animal para abate com um peso menor. Suínos que eram repassados aos frigoríficos com peso entre 115 kg e 120 kg agora são abatidos com até 20 kg abaixo do peso normal. “Essa é uma medida paliativa, mas que já repercute no mercado, uma vez que gera menos oferta de carne”, observou o gerente da Acrismat.

Para o Otonelli, a queda no preço foi deflagrada pela crise financeira global. “A gripe [Influenza A – H1N1] prejudicou um pouco mais”, informou.

“O Brasil é um grande exportador de frango e boi”, lembra o diretor da Coopermutum. Entretanto, a exportação de carne suína não é tão expressiva quanto essas, na avaliação do diretor. Mesmo assim, ele observa que a comércio exterior de carne bovina sofreu redução de 16% no primeiro semestre de 2009.

Segundo Valdomir Otonelli, no período de janeiro a maio foram abatidos 233 mil suínos em Mato Grosso.

Em todo o Estado, há 600 produtores, sendo 280 cadastrados na Acrismat.

O rebanho mato-grossense está estimado em 1,2 milhão de cabeças. Deste total, há 96 mil matrizes, com capacidade de gerar 23 animais ao ano.

Em todo o Estado, há dois frigoríficos habilitados para exportação de carne suína, localizados em Nova Mutum e Rondonópolis. Legalizados com o Serviço de Inspeção Sanitária Estadual (Sise), para comercialização interna, são cerca de oito unidades.

De acordo com o diretor da Coopermutum, a expectativa dos produtores é que o governo federal incentive a abertura de mercados para o setor e a melhora nos preços a partir do próximo mês.

Venda no supermercado não registra alteração – Nas gôndolas dos supermercados, o consumo de carne suína tem se mantido estável nos primeiros meses deste ano. “A venda continua normal e o preço também”, comentou o gerente de Compras de Perecíveis de uma rede supermercadista da capital, Valter Yamagushi.

Ele explica que como há uma diferença no preço da carne suína em relação a bovina entre 60% a 70% para menos, o consumo do produto tem sido estimulado. “Nós temos focado as vendas nele (suíno)”. Nos açougues do supermercado, o preço da carne suína varia entre R$ 3,99 a 4,99 o quilo.

Apesar da repercussão negativa da crise financeira e do surgimento do vírus H1N1 na comercialização do produto identificada pelo setor produtivo, o supermercadista não identificou enfraquecimento nas vendas. “Não sentimos isso não”, ratifica.

De acordo com o gerente da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Custódio Rodrigues de Castro, nos meses de novembro, dezembro e janeiro consumo de carne melhora, estimulado pelas festas de final de ano. “Neste ano, nos primeiros 15 dias de janeiro houve uma melhora, mas logo depois houve queda, com os casos do vírus H1N1”, comentou. “Neste ano, a suinocultura teve momentos muito ruins”, avaliou.