A capacidade de produção de vacinas contra a gripe A (H1N1), é inadequada para uma população mundial na qual “praticamente todos são suscetíveis de ser infectados por este vírus novo e altamente contagioso”, alertou nesta terça-feira (14/07) a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan.
Em discurso durante uma conferência internacional sobre propriedade intelectual, Chan afirmou que em um caso de pandemia como a da gripe A é previsível que a maior parte das vacinas produzidas seja destinada aos países ricos.
A diretora-geral reconheceu que isto será um novo exemplo de como a falta de recursos resulta em negar aos mais pobres o acesso aos serviços e produtos de saúde. A OMS já pediu diversas vezes que os países mais ricos e laboratórios ajudem no fornecimento da fórmula para os países mais pobres.
Chan revelou que a vacina ideal para a atual pandemia de gripe seria uma que ao mesmo tempo proteja da versão comum da doença e também dos potenciais vírus pandêmicos -fórmula que ainda não foi desenvolvida.
Saúde – Chan afirmou ainda que a pobreza é um obstáculo para a criação de produtos para tratar de uma série de doenças deixadas de lado porque afetam, justamente, os mais pobres. Segundo suas estimativas, as despesas vinculadas à saúde empurram 100 milhões de pessoas para abaixo da linha da pobreza anualmente.
Em tom crítico, ela questionou se é possível esperar que a indústria farmacêutica, cujo objetivo é obter lucros, invista na pesquisa sobre doenças que afetam grupos de população sem poder aquisitivo.
“Temos aqui um problema crítico. Os sistemas e regras, tais como os de propriedade intelectual e de proteção de patentes que fazem sentido em muitos setores, geram algumas perguntas quando se aplicam à saúde humana”, sustentou a diretora-geral.
Em consequência, ressaltou, “as forças do mercado e os incentivos, como a proteção de patentes, não podem resolver por si próprios as necessidades de saúde dos países em desenvolvimento”.