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Abrange procura estimular o plantio de grão convencional

<p>Associação confia na demanda externa para consolidar o país como fonte segura de fornecimento.</p>

Redação (19/11/2008)- Criada há pouco mais de dois meses, a Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange) confia na demanda externa para consolidar o país como fonte segura de fornecimento de produtos convencionais, não transgênicos.

Ricardo Tatesuzi de Sousa, secretário-executivo da entidade, esclarece que isso não significa uma posição contrária ao desenvolvimento de sementes geneticamente modificadas, mas apenas um estímulo para que o agricultor avalie suas alternativas de plantio e opte pelo nicho que considerar mais adequado.

Para isso, alerta, é necessário organização e controles rígidos nas diversas regiões brasileiras de cultivo, sobretudo para evitar a contaminação de grãos convencionais com transgênicos, que, superado o nó da regulamentação, passaram a avançar progressivamente no Brasil nos últimos anos.

Nas contas da Abrange, cerca de 50% da produção nacional de soja será geneticamente modificada nesta safra 2008/09, que está em período de semeadura. No caso do milho, cujo plantio comercial foi liberado recentemente pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), o percentual ainda será pequeno neste ciclo, da ordem de 5%, mas poderá chegar a 40% já em 2009/10.

Conforme a consultoria Céleres, a soja transgência deverá representar 64,7% da área total plantada com soja no país em 2008/09; no milho, a fatia foi estimada em 6,4%, e para o algodão, em mais de 24%.

Para assessorar as empresas associadas e os produtores interessados em plantar grãos convencionais, a Abrange promete contar com um comitê para abrigar as discussões sobre regulamentações, equipe de técnicos suficientemente grande para prestar assessorias em todo o país, em parceria com técnicos das próprias empresas e de produtores, e banco de dados acessível. "Já estamos recebendo muitas consultas de importadores. O milho não transgênico, por exemplo, suscita grande interesse", diz Sousa.

Além das questões agronômicas óbvias que garantam uma segregação segura entre grãos convencionais e transgênicos, o comitê avaliaria questões como rotulagem de alimentos que contêm organismos geneticamente modificados, que também preocupam e vêm sendo debatidas pelas indústrias de alimentos envolvidas.

São cinco os grupos nacionais que deram partida à Abrange: Caramuru Alimentos, que ficou com a presidência da entidade, AMaggi, Imcopa, Brejeiro e Vanguarda. Segundo Ricardo Tatesuzi de Sousa, a Abrange também já conta com "colaboradores" como cooperativas – a paranaense Cocamar é uma delas – e multinacionais como Solae e Louis Dreyfus.

A entidade também espera servir de estímulo à continuidade do desenvolvimento de pesquisas de melhoramento de grãos convencionais, pela Embrapa e mesmo por múltis como Monsanto, que tornou-se mundialmente conhecida pelos transgênicos.