Redação (21/08/2008)- A escolha de uma profissão é uma tarefa vital, particularmente para os jovens que estão justamente preocupados em definir seu lugar no contexto sócio-econômico do Brasil. Ela não é um processo simples e pode gerar estados de angústia profunda e estresse considerável. Aliás, é essencialmente por isso que muitos jovens preferem evitar ou adiar seu envolvimento em tal processo.
Os fatores que influenciam a escolha profissional são múltiplos e podem ser de caráter endógeno ou exógeno. Incluem principalmente tanto as aptidões pessoais, aspirações individuais e conhecimentos em áreas específicas quanto a situação do mercado de trabalho, a pressão de parentes e a influência de amigos.
O engajamento profissional não pode ser reduzido a uma decisão somente econômica. Ele envolve também a construção de uma identidade autônoma. A percepção que o interessado tem da profissão deve coincidir com a imagem que ele tem de si mesmo. Nesse sentido, tanto a esfera de atuação quanto o mercado de trabalho são dimensões decisivas no processo de escolha profissional.
O engenheiro agrônomo é um profissional com competências de conservar e transformar o ambiente natural para produzir plantas e animais úteis ao homem. Estas competências se referem à agronomia que é uma combinação de ciências exatas, naturais, econômicas e sociais. As principais funções do engenheiro agrônomo são de comunicar, divulgar ou experimentar os princípios, as leis e os procedimentos, seja do cultivo de plantas, seja da criação de animais, seja do manejo de solos aráveis, seja da gestão da empresa ou estabelecimento agrícola.
O estudante em agronomia precisa ser polivalente. Ele deve ter aptidão para as ciências exatas e naturais assim como afinidade para as ciências econômicas e sociais. Ele deve ter disposição em trabalhar ou freqüentar lugares desprovidos de condições geralmente encontradas em meio urbano, tais como eletricidade, ar condicionado, circulação intensa de pessoas e proximidade de casas.
O engenheiro agrônomo analisa o ambiente natural, avalia a situação, diagnostica os problemas, propõe soluções e estabelece um plano de ação. Seu trabalho resulta geralmente num aviso ou numa recomendação que concilia ao mesmo tempo os interesses de seu cliente e da sociedade. Seu campo de atuação é muito amplo e inclui áreas diversas.
O mercado de trabalho para o engenheiro agrônomo está em expansão. O agronegócio vem contribuindo expressivamente na economia brasileira. Seus aportes evidenciam-se principalmente na balança comercial e no fornecimento de alimentos para o mercado nacional.
O Brasil é o país com a maior reserva de terras agricultáveis, bastante disponibilidade de água e expressiva acumulação tecnológica para a produção agrícola. Em termos de capacidade para atender a demandas agrícolas e agroalimentar, é muito bem colocado internacionalmente. Nos últimos anos, o País consolidou sua posição de maior exportador mundial de café, açúcar e suco de laranja, e tornou-se também líder em soja (grão), fumo e carne bovina, suína e de aves, além de alcançar a segunda posição em farelo e óleo de soja. O bom desempenho do Brasil destacou-se também na agroindústria, ou seja, no segmento que inclui diversas atividades de transformação de matérias-primas agrícolas tais como beneficiamento, secagem, processamento e embalagem.
Um outro mercado em que o Brasil pode competir com eficiência é o de conhecimentos científicos e tecnológicos relativos ao agronegócio. O Brasil tem competências suficientes para atuar neste mercado a nível internacional e ajudar outros países, particularmente países em desenvolvimento, a consolidar seu setor agrícola e agroindustrial. Tal situação gera oportunidades atuais e futuras para o engenheiro-agrônomo formado no Brasil.
O grande mérito do Brasil é o fato de estar gerenciando eficientemente seu setor agrícola, prestando grande atenção à evolução de conhecimentos relativos ao agronegócio. Nesse sentido, convém mencionar a criação e gestão da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária que procura sempre estar nas fronteiras do conhecimento. É bem conhecida a revolução que a Embrapa provocou no agronegócio brasileiro. Por exemplo, o cerrado brasileiro era, antes dos anos 70, considerado impróprio para a agricultura; mas, em três décadas, tornou-se uma região de grande produtividade agrícola. Atualmente, o cerrado fornece mais de 50% da produção brasileira de grãos.
Estudos recentes anunciam que a exportação brasileira de produtos agrícolas crescerá de pelo menos 50% nos próximos 5 anos. Este crescimento será muito mais evidente nos países em desenvolvimento do que nos países desenvolvidos.
Com a possibilidade de os países desenvolvidos reduzirem as barreiras não tarifárias e os subsídios a seus agricultores, o Brasil se consolidará, nos próximos anos, como líder incontestável em diversas cadeias do sistema agrícola mundial. Por isso, já está sendo visto como celeiro ou fazenda do mundo.
Seus agricultores precisarão cada vez mais de inovações baseadas em conhecimentos científico-tecnológicos. Estas considerações valem não apenas para a agricultura patronal, mas também para a agricultura familiar. O engenheiro agrônomo é e será indispensável dentro deste contexto. Entretanto, é necessário que o Brasil mantenha sempre atentos seus agricultores sobre a necessidade de uso de conhecimentos científico-tecnológicos como insumos na produção agropecuária e agroindustrial.
Assim, o Brasil apresenta boas oportunidades de trabalho para o engenheiro agrônomo. Mas, a valorização deste profissional não alcançou ainda o nível merecido. As dificuldades que impedem o alcance de tal nível podem ser superadas com a concretização do cenário em que o Brasil é apontado como celeiro e uma das principais fontes de recursos naturais do mundo.