Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Brasil no Congresso Internacional de Reprodução Animal

<p>Em entrevista exclusiva ao site de Suinocultura Industrial, Daiane fala sobre sua participação no Congresso Internacional de Reprodução Animal, sobre seu trabalho na suinocultura e sobre os benefícios que um manejo nutricional adequado pode trazer o macho suíno e para a granja.</p>

Redação SI (14/08/2008) – O mês de julho foi especial para a pesquisadora Daiane Donin Spessatto. Médica veterinária, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Daiane foi a única brasileira selecionada para apresentar um trabalho científico na área de suinocultura no 16ª edição do Congresso Internacional de Reprodução Animal, realizado em Budapeste, Hungria, entre os dias 13 e 17 de julho.

Em entrevista exclusiva ao site de Suinocultura Industrial, Daiane fala sobre sua participação no evento, sobre seu trabalho e sobre os benefícios que um manejo nutricional adequado pode trazer o macho suíno e para a granja. Confira!   

 

Suinocultura Industrial – Como foi sua participação no Congresso Mundial de Reprodução Animal, realizado na Hungria, em julho? É verdade que seu trabalho foi o único no Brasil, na área de suinocultura, selecionado para ser apresentado no evento?

 

Daiane Donin Spessatto – Sim, foi o único. A participação foi muito boa. Acredito que demos uma contribuição importante para o setor, afinal levamos uma alternativa inédita, que seria a utilização de minerais orgânicos para macho suínos. Conseguimos abranger um grande número de participantes que, provavelmente, irão disseminar nosso projeto em vários pontos do mundo.

 

SI – Como a senhora se sentiu sendo a única brasileira a participar desse congresso?

 

DS – Foi uma participação bem tranqüila, havia muitos brasileiros no congresso, mas na área de suínos, de reprodução suína, nós fomos os únicos representantes brasileiros. O trabalho foi bem aceito, foi uma novidade mesmo para as pessoas que estavam ali, por ser uma tecnologia nova testada em machos, que ninguém havia feito esse experimento anteriormente. Com certeza, foi ótimo participar do congresso.

 

SIComo a senhora definiria um bom manejo nutricional para machos suínos? Que características esse manejo nutricional precisa ter para ser considerado satisfatório?

 

DS – O bom manejo nutricional para suínos deve ser aquele que contemple todas as necessidades do animal. Em outras palavras, o animal precisa ter os nutrientes necessários para sua manutenção, para seu crescimento e para o seu desenvolvimento.

 

SI – O que se deve observar para assegurar um bom manejo nutricional para machos suínos? Qual a importância de se garantir um bom manejo nutricional para machos suínos?

DS – No caso dos suínos machos reprodutores, também conhecidos como cachaços, é válido destacar que eles precisam ter energia suficiente para viabilizar a produção espermática com qualidade de espermatozóides, ou seja, todos os constituintes necessários para a cobertura e para a atividade de monta. Então, a boa nutrição é aquela que contempla todas as necessidades dos animais, através de nutrientes. São eles: proteínas, energia, carboidratos, lipídios… todos em quantidades adequadas, afinal o excesso e a falta destes nutrientes podem causar problemas ao animal.

 

SI – Que benefício a execução de um bom manejo nutricional pode trazer para o macho suíno? Aumento da fertilidade, intensificação da libido e aumento produção de sêmen seriam alguns deles?

 

DS – Sim, seriam. O bom manejo nutricional ajuda o suíno a manter a condição corporal adequada para a produção. É preciso ter atenção para que o animal não esteja muito magro, pois o animal subnutrido não produz, da mesma forma que o animal obeso, pois o excesso de peso também traz conseqüências negativas. Entre os entraves, posso dar como exemplo o atraso da manifestação da puberdade e baixa produção de sêmen. Falando mais especificamente do macho reprodutor, os benefícios de um bom manejo nutricional refletem em um volume adequado de sêmen, uma célula espermática de qualidade, uma célula hígida, perfeita para que seja realizada a fecundação, uma célula com boas características morfológicas e de motilidade, além de funcionalidade adequada. Portanto, uma boa nutrição permite que o cachaço esteja apto para a reprodução produzindo uma boa quantidade de espermatozóides para o ato.

 

SI – Com a crescente utilização de programas de IA, o macho assume um importante papel no desempenho reprodutivo. Que alterações de desempenho um macho suíno pode apresentar quando exposto a carência nutricionais extremas?  

 

DS – Primeiro, quando o macho fica exposto a uma carência nutricional, manifesta  tardiamente a puberdade. Se for um animal que está entrando na vida reprodutiva, além deste atraso, ele vai ter uma diminuição na qualidade do sêmen, comprometendo a morfologia, qualidade e funções normais das células espermáticas (espermatozóides) e, conseqüentemente, ele vai produzir um volume menor de doses de sêmen a ser distribuído para a inseminação artificial.

Os animais adultos, que apresentam uma falta de nutrientes, também têm uma redução de sua capacidade reprodutiva. Um exemplo bem simples: em vez de conseguir inseminar 100 fêmeas, ele vai conseguir inseminar um número bem menor. Registramos, portanto, uma redução da qualidade espermática, redução do número de doses e conseqüentemente, perda de animais que poderiam ser inseminados.

 

SI – Em quais casos a formulação de uma ração específica para reprodutores se justifica? Quando são mantidos diversos reprodutores, como no caso de uma Central de Inseminação Artificial (IA), por exemplo?

 

DS – Dentro de granjas onde os reprodutores são utilizados apenas para manejo, ou para estímulos de puberdade precoce, não se justifica a adoção de uma nutrição específica para os animais. Entretanto, em granjas onde os animais são utilizados para coleta de sêmen, distribuição de sêmen em centrais de inseminação, em granjas que trabalham como unidades fechadas, produzindo para seu próprio abastecimento ou granjas que comercializam esse sêmen, certamente se justifica a adoção de uma dieta específica para macho, voltada para a melhoria do seu potencial reprodutivo. Nestes casos, segundo meu estudo, podemos oferecer algumas alternativas como os minerais orgânicos, que são voltados para uma produção mais específica, maior e melhor do sêmen desses animais.