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Soja "se descola" e sobe na BM&F em julho

<p>A formação do preço futuro da soja na bolsa brasileira leva em consideração a cotação de Chicago mais o prêmio pago na exportação.</p>

Redação (04/08/2008)- A pouca disponibilidade de soja no mercado físico motivou, em julho, o "descolamento" dos preços do grão no mercado futuro da bolsa de Chicago e na BM&FBovespa. Usualmente, a cotação futura do grão na bolsa brasileira acompanha o movimento da americana, referência internacional para a formação de preços. 

Segundo cálculos do Valor Data, a média dos contratos de soja de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) acumulou baixa de 0,39% em julho. Na BM&FBovespa, os contratos de segunda posição subiram 3,14%. No ano, as altas acumuladas são de 28,21% e 37,66%, respectivamente, de acordo com o Valor Data. 

"A safra ”velha” [2007/08] está muito vendida, o que eleva o preço no mercado físico. Isso se reflete na bolsa", diz Carlos Alexandre Gallas, da Intertrading Agentes Autônomos. 

Grosso modo, a formação do preço futuro da soja na bolsa brasileira leva em consideração a cotação de Chicago mais o prêmio pago na exportação. Com o aumento das vendas antecipadas na safra 2007/08, a oferta de soja acabou apertada, o que ajuda a explicar o descolamento. 

O fenômeno não foi registrado no milho, a outra commodity agrícola negociada em ambas as bolsas, e justamente pela expectativa de aumento da oferta do grão no mercado interno. Segundo o Valor Data, os contratos de segunda posição caíram 7,74% em julho. Na BM&FBovespa, a média dos papéis de segunda posição teve baixa de 1,10%. 

"Julho é o mês em que o pior dos riscos climáticos, de geada, já passou. Por isso a queda", avalia Emmanuel Zullo, gerente agrícola da corretora Souza Barros. Gallas, da Intertrading, diz ainda que a produção do milho de segunda safra, o "safrinha", está acima do esperado. "Existia a expectativa de exportar entre 10 e 12 milhões de toneladas para a União Européia, mas neste ano a produção deles não está enfrentando os problemas que teve no segundo semestre de 2007", diz. 

Ainda que momentâneo, o descasamento entre os preços da soja em Chicago e na BM&FBovespa ajuda a evidenciar um contrato que representa apenas 7% da movimentação total dos contratos agrícolas da bolsa brasileira, mas que cresceu quase 100% nos últimos 12 meses. Os contratos de boi gordo dominam amplamente as negociações, com cerca de 55% do volume total transacionado. Em julho, os contratos de segunda posição recuaram 5,44%. 

Café, que subiu 1,69% em julho, e milho aparecem na seqüência do ranking. A soja é o quarto produto em volume negociado a BM&FBovespa. Etanol e açúcar, que subiram 8,92% e 7,37%, respectivamente, são os outros dois produtos com contratos transacionados na bolsa. 

Os dados de volume negociado em julho ainda não foram compilados, mas Cézar Granieri, da mesa de operação de produtos agrícolas da Flow Corretora, acredita ter existido influência dos fundos de investimento na alta da soja em julho, em detrimento da baixa em Chicago. "Só na última semana os investidores institucionais compraram 1.500 contratos", disse.

Na sexta-feira, os papéis de soja para setembro recuaram 38,75 centavos de dólar na bolsa de Chicago, para US$ 13,5550 por bushel. Os contratos de milho com vencimento em dezembro caíram 22,50 centavos de dólar, para US$ 5,85 por bushel.