Redação (21/11/2007)- Exportadores de soja, cujas cargas aguardam embarque no porto de Paranaguá (PR), temem que ter prejuízo, caso a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) não libere os outros dois carregadores de navios (shiploaders). Segundo cálculos da Associação dos Exportadores de Cereais (Anec), a despesa acumulada de pagamento de 20 dias de multa é de US$ 1,8 milhão por navio parado, o equivalente a 10% do valor da carga. Há situações até mais onerosas de embarcações aguardando embarque há 30 dias, segundo a própria Appa. Segundo a instituição, há mais de dez navios parados no porto.
De acordo com o diretor- executivo da Anec, Sérgio Mendes, as multas pagas por dia de espera do navio é de US$ 90 mil que, multiplicado pelo tempo de espera médio dos navios de 20 dias, atinge US$ 1,8 milhão. "Cada navio tem 50 mil toneladas de soja, o equivalente a um valor total de US$ 17 milhões", completa Mendes. Por conta desse encargo, segundo ele, há grandes chances de a carga se tornar deficitária, ou seja, de o exportador ficar no vermelho.
A Anec não divulga a margem de lucro do setor. "Mas, de fato, o frete marítimo está muito alto, pois faltam navios no mundo, devido a forte demanda da China. Assim, certamente a margem dos exportadores pode ficar comprometida", diz Fernando Pimentel, diretor da Agrosecurity. Ele acredita que é possível que haja cancelamento ou reposicionamento desses contratos mais à frente, quando o embarque for normalizado.O cancelamento é avaliado como uma boa saída aos exportadores brasileiros, uma vez que os preços no mercado interno estão mais atrativos que o da exportação. Conforme dados da Soma Corretora, o mercado interno está pagando US$ 30 por tonelada a mais que o valor de exportação, atualmente em US$ 410.
Por conta dessa relação, as exportações brasileiras de soja estão 5% menores até outubro, do que em igual período do ano passado. "O quadro é reflexo do problema energético na Argentina que fez com que a indústria brasileira redirecionasse mais grão para esmagamento", diz Anderson Galvão, diretor da consultoria Céleres. Assim, enquanto os embarques do grão caíram, os de farelo cresceram 5,2% e o de óleo de soja, 9,6%.
A Appa informou ontem que a culpa pelos atrasos é dos próprios operadores do terminal que teriam ficado responsáveis pela manutenção dos shiploaders e não teriam cumprido os prazos.