Redação (13/09/07) – O alerta é da pesquisadora Janice Ciacci Zanella, da Embrapa Suínos e Aves, empresa de pesquisa agropecuária vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. "A circovirose é uma das doenças da suinocultura que mais cresceu no mundo inteiro nos últimos anos. A adoção de medidas preventivas é a melhor forma do produtor evitar os prejuízos econômicos que ela causa", diz a pesquisadora.
A circovirose é causada por um vírus e debilita o animal. Assim, outras doenças acabam se associando à circovirose e aumentando a mortalidade dentro do rebanho. Não existem ainda dados sobre o impacto da doença no Brasil, mas se sabe que em granjas infectadas a mortalidade já chegou a 30% do plantel. Em média, a presença do circovírus eleva para cerca de 10% a mortalidade, índice considerado alto. A Embrapa Suínos e Aves estuda a circovirose há vários anos e já deu várias contribuições à suinocultura brasileira em torno do assunto.
De acordo com Janice Zanella, as principais são o desenvolvimento de metolodologias de diagnóstico, estudo da patogenicidade e caracterização molecular de variantes brasileiros, reprodução e transmissão da doença experimentalmente. Para auxiliar no controle da doença, a Embrapa está atualmente testando vacinas produzidas por empresas privadas. "Temos a expectativa de que as vacinas ajudem a controlar a circovirose. Mas já temos certeza de que somente ela não bastará", avisa Janice. As medidas complementares às vacinas estão descritas em vários trabalhos do pesquisador francês François Madec (as sugestões do pesquisador ficaram conhecidas como os 20 pontos de Madec e são hoje o modelo de controle da circovirose mais aplicado no mundo).
Para a pesquisadora Janice Zanella, alguns dos itens citados por Madec são indispensáveis. "Diminuir o estresse do animal (fome, frio, brigas); reduzir a densidade para evitar uma grande mistura de suínos; levar os animais doentes para sala hospital; manter uma alimentação de qualidade; servir vitaminas, anti-oxidantes e plasma; fazer os leitões mamarem o colostro; realizar uma estabilização imunitária no plantel; e colocar em prática as medidas de limpeza e desinfecção são ações essenciais para controlar a circovirose".
Sem perigo para o consumo
Apesar de preocupar a suinocultura, a circovirose não representa nenhum risco para o consumidor. Já foram feitos testes em pessoas que trabalham em abatedouros, por exemplo, e nenhum sinal da infecção pelo vírus foi encontrado. O circovírus Tipo 2 não se multiplica em células humanas, conforme comprovaram as pesquisas sobre o assunto.