Redação (31/08/07) – O aumento de preços do glifosato, herbicida usado na soja geneticamente modificada, levou os produtores paranaenses a voltar atrás.
Depois de constatar que os preços do insumo estão até 50% acima dos cobrados na safra passada, os agricultores optaram pelo plantio de soja convencional, o que levou à inversão da curva de crescimento dos transgênicos no estado. "Na safra passada tivemos uma relação de produção de 53% de culturas convencionais e de 43% de transgênicos. Para a próxima safra 2007/08 estamos esperando 60% de convencionais e 40% de transgênicos", informou o secretário de Agricultura do Paraná, Valter Bianchini.
As lideranças do agronegócio paranaense como a FAEP – Federação da Agricultura do Paraná e as Cooperativas esperavam que o plantio de transgênicos para a próxima safra chegasse perto de 90%da área cultivada. A área com soja está estabilizada em 3,95 milhões de hectares e a expectativa é de uma colheita 11,99 milhões de toneladas, o que corresponde a um crescimento de 1,6% sobre a safra 06/07, quando foram colhidas 11,820 milhões de toneladas. "No Paraná há mais um fator que está prejudicando os transgênicos. Algumas variedades não têm respondido bem em produtividade e são bastante afetadas pelas variações do clima como estiagens. Há ainda um pequeno prêmio no mercado para quem vende a soja convencional. Somando tudo isso a situação se inverteu", disse o diretor do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura paranaense, Francisco Carlos Simioni.
O Paraná deu um salto no plantio de soja transgênica a partir de 2005. Até aquele ano o produto era responsável por menos de 10% da safra local porque o governo controlava o seu plantio. Segundo Simioni, mesmo com essa mudança não deverá haver problemas de fornecimento de sementes certificadas aos produtores. "A Associação Paranaense dos Produtores de Sementes informa que estão disponíveis 4 milhões e 375 mil sacas de sementes certificadas disponíveis, 50% para plantio convencional e 50% para transgênico. É suficiente para abastecer a demanda". Além disso, há estoque no mercado em paralelo que abastece cerca de 30% da área plantada paranaense. É formado por sementes não certificadas ou quando o produtor planta o próprio grão que colheu. "A questão é comercial, como quando houve a expansão dos transgênicos. Ainda não dá para saber se é uma tendência ou se a soja modificada voltará a crescer no futuro", conclui Simioni.