Redação (29/06/07) – A divergência entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento na questão das tarifas aplicadas nos mercados agrícolas e de bens e serviços foi o que motivou a suspensão da reunião da reunião do G4 (grupo formado por Estados Unidos, União Européia, Índia e Brasil) na semana passada, encontro que tentou destravar justamente as conversas da Rodada Doha.
Para a CNI, as iniciativas bilaterais e regionais que envolvem os principais mercados do mundo devem ganhar "novo ímpeto", afirma o documento intitulado "Prioridades na agenda brasileira de negociações comerciais".
"O Brasil não pode perder essas oportunidades. O país tem que adotar uma agenda pragmática e seletiva, baseada em critérios econômicos, visando à melhoria das condições de acesso a mercados relevantes para os produtos brasileiros", defende a CNI.
A CNI ressalta que a Rodada Doha continua a ser a prioridade do setor industrial, "principalmente por conta das características do comércio exterior brasileiro" (participação pequena no comércio mundial e relações comerciais diversificadas em termos geográficos). "Mas as negociações no âmbito da OMC dificilmente garantirão um salto significativo nas condições de acesso aos mercados externos para as exportações brasileiras", afirma o texto.
Assim, a CNI diz que defende uma estratégia para identificar boas negociações bilaterais e regionais. "Tais critérios devem considerar o tamanho do mercado importador desses países, as oportunidades para expansão e diversificação das vendas brasileiras e os níveis de proteção dados aos produtos nos quais o Brasil é competitivo."
Segundo esses critérios, são mercados prioritários os Estados Unidos e a União Européia, mas também México, Índia e África do Sul, "países em desenvolvimento com mercados relativamente grandes e dinâmicos, mas que têm tarifas elevadas para a maior parte dos produtos que apresentam oportunidades", diz a CNI. A lista tem ainda os países do Conselho de Cooperação do Golfo, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Lula O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a afirmar, nesta quinta-feira, que se os Estados Unidos e a União Européia não aceitarem reduzir seus subsídios agrícolas, o Brasil não aceitará abrir o mercado industrial no âmbito das negociações na OMC (Organização Mundial do Comércio).
"Se eles não abrirem a agricultura, não tem mais conversa. Não podemos trabalhar com eles no século 21 como se trabalhou no século 20. Ou seja, eles precisam compreender que os países emergentes precisam de oportunidades para disputar com eles", disse Lula.