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Preços do milho devem se manter em alta

<p>Recorde na produção mundial não será suficiente para derrubar a cotação do grão, favorecido pela agroenergia.</p>

Redação (17/04/07) – Nem mesmo a estimativa de uma supersafra de milho nos Estados Unidos e no Brasil será suficiente para provocar uma queda de preços do grão. A demanda pelo etanol americano e os estoques mundiais relativamente baixos devem manter, neste ano, o preço médio do milho mais alto do que o registrado em 2006. No Paraná, balanço do Departamento de Economia Rural (Deral) – órgão ligado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento – aponta que o custo do milho foi reajustado em 46% nos últimos 12 meses (veja quadro).

O fato é que a produção mundial de milho deve atingir patamares recordes neste ano. Para a safra 2007/08, a área de plantio deve crescer 15% nos Estados Unidos. Já os brasileiros devem colher 35 milhões de toneladas do grão na safra de verão. Se o clima ajudar a safrinha deve produzir mais de 13 milhões de toneladas. Tudo vai depender do clima. O ano começou bem, mas em março as condições climáticas foram piores do que as registradas no mesmo mês do ano passado.

""O potencial produtivo da planta será definido em abril e maio e se o clima não ajudar pode frustar a safrinha"", comenta Leonardo Sologuren, sócio-diretor da Célleres Consultoria, empresa privada de análises do agronegócio. Como os preços no mercado interno são ditados pelo comércio externo, um aumento da colheita americana pode significar redução de preços no Brasil. ""Em uma semana (na última semana de março) os preços caíram 13% por conta do aumento da intenção de plantio nos Estados Unidos"", afirma.

No entanto, ele diz que os preços só irão cair neste ano se a produção americana superar as 315 milhões de toneladas. ""Para que os americanos atinjam essa produção o clima tem que ser perfeito, só que não podemos medir isso a longo prazo"", observa.

O consultor José Carlos Hausknecht, da MB Agro – empresa privada de análises do agronegócio – também aposta em preços de níveis altos, variando entre US$ 3,60 e US$ 3,80 o bushel. ""Esses patamares devem se manter mesmo se a safrinha brasileira for boa"", comenta.

Mas a formação do preço ao longo do ano vai depender de vários cenários como condições climáticas e desempenho da safra americana. Leonardo Sologuren lembra que a cotação fechou 2006 em alta porque os estoques nacionais caíram, devido aos leilões de compra promovidos pelo governo federal. Além disso, no ano passado o Brasil (que não tem tradição exportadora em milho) atingiu o maior nível de exportação do grão, comercializando cerca de 4 milhões de toneladas. Isso ocorreu porque o aumento da demanda americana de milho, em função da produção de etanol, abriu mercado para o Brasil.

Para 2007 a projeção é exportar 7,5 milhões de toneladas. ""Os preços no mercado interno também serão recuperados porque as exportações puxam a cotação"", afirma o consultor Sologuren. No entanto, José Carlos Hausknecht acrescenta que se o País deixar de exportar, os preços no mercado interno serão pressionados para baixo. ""O problema para o produtor brasileiro é que o câmbio não tem ajudado, tem atrapalhado"", salienta.

Faep recomenda estratégia comercial

Embora o cenário esteja favorável para o milho, a economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Gilda Bozza, afirma que os produtores rurais devem aproveitar as ""janelas"" para comercializar o grão. ""Os agricultores devem ter uma estratégia comercial para melhorar a sua rentabilidade, mas para isso é preciso saber o custo de produção para encontrar o ponto de nivelamento"", observa.

Segundo ela, quando entra a safra a queda de preços é natural. ""O mercado do milho é tenso e volátil e o produtor não é formador de preços"", afirma. A economista lembra que a área plantada do grão aumentou nos Estados Unidos em função do aumento de produção do etanol. ""O preço no mercado interno é ditado pelos Estados Unidos e o plantio lá só será encerrado em maio. Os analistas afirmam que os preços serão melhores, mas é preciso ficar atento ao mercado externo"", comenta.

Potencial produtivo do Paraná pode aumentar 54%
O Paraná tem potencial produtivo para aumentar a produção da safrinha de milho em 54%, segundo estimativas do Departamento de Economia Rural (Deral). Os cálculos foram feitos com base no aumento de 37% da área plantada na safra 2007/08, que saltou de 971 mil hectares para 1,33 milhão de hectares. ""As perspectivas de bons preços devem levar a uma produção de cerca de 5,49 milhões de toneladas"", afirma Margorete Demarchi, engenheira agrônoma do Deral. O incremento na produção, segundo ela, é fruto principalmente do uso de tecnologia.

Margorete comenta ainda que a expansão do milho ocorreu mais fortemente na região oeste. Houve um aumento na área plantada do grão de 46%, que avançou principalmente sobre o trigo. A região dos municípios de Cascavel e Toledo é responsável por 50% da produção estadual. ""Mas a safra vai depender do clima. As plantas estão na fase da floração ou no início da frutificação e as previsões não são animadoras porque indicam chuvas mal distribuídas e altas temperaturas"", comenta.

A safra paranaense de verão deve render 14.150 milhões de toneladas, 28% da produção nacional, estimada em 51 milhões de toneladas. A produtividade até agora (com cerca de 70% das lavouras colhidas) está em 7 mil quilos por hectare, número que deverá ser reduzido com o final da safra. ""Historicamente a produtividade estadual é de 5,3 mil quilos por hectare. A previsão é que esta safra sejam colhidos 6,6 mil quilos por hectare. Teremos um incremento de 25% na produtividade devido ao aumento do uso de tecnologia"", argumenta a engenheira agrônoma.

Cálculos do Deral indicam ainda que o milho irá proporcionar um lucro médio de 30% para os produtores. ""O custo variável é de R$ 12 a saca, com o preço pago a R$ 15,40, a remuneração é de R$ 3,40 por saca"", explica Margorete. Além do bom cenário no mercado externo, ela aposta em bons preços no mercado interno por conta do aumento da demanda para alimentação animal.

Rentabilidade
Segundo projeção da Agroconsult, empresa privada de análises do agronegócio, a rentabilidade dos produtores brasileiros com a produção da soja e milho melhorou nesta safra. Nos últimos seis meses, o cenário agrícola para grãos foi modificado pelas influências do mercado internacional e da boa produtividade das lavouras brasileiras. No Paraná, o produtor conseguiu em média 51 sacas por hectare de produtividade, número considerado superior ao necessário para compensar o custo de produção, de 34 sacas por hectare.

Segundo a consultoria o produtor paranaense obteve rentabilidade de 51%, favorecida principalmente pela logística mais favorável e pelas boas condições climáticas no período.