Redação (16/04/07) – Isso representa 80% da capacidade de processamento de grãos do país, que é da ordem de 50 milhões de toneladas.
Ainda assim, o volume processado no pólo graneleiro de Rosário – o maior do país, considerado um dos mais importantes do mundo em concentração de plantas industriais e portos em uma única região – não será suficiente para atingir a capacidade instalada pelas gigantes nacionais e multinacionais que ali operam. Com 160 mil toneladas diárias, a capacidade de processamento do pólo coloca a Argentina em terceira lugar no mundo, depois de China (220 mil) e EUA (175 mil), e à frente do Brasil (130 mil), de acordo com dados da Bolsa de Comércio de Rosário.
A produção total de grãos da Argentina deverá atingir um recorde histórico na campanha 2006/07. São estimadas 90 milhões de toneladas, ante as 77 milhões da safra 2005/06. A exportação, destino de 80% da produção, passa em sua maior parte (75%) pelos portos de Rosário, por onde também trafega parte da produção da Bolívia e do Paraguai. Pela Bolsa de Rosário, passam cerca de 45% da comercialização de cereais e oleaginosas.
O complexo é composto por cerca de 35 empresas distribuídas às margens do Rio Paraná, ao norte e ao sul do município. Entre elas estão as gigantes do "trading" e esmagamento de grãos Cargill, Louis Dreyfus Commodities, Bunge e Molinos Río de La Plata, que investiram perto de US$ 1,5 bilhão desde 2003 na construção de fábricas novas e modernas, armazéns e silos, além de 20 portos privados.
Essa indústria tem pela frente, entretanto, o desafio de ocupar um excedente de capacidade da ordem de 5 milhões a 7 milhões de toneladas, construído com vistas à ampliação da produção local e da importação dos países vizinhos. Em 2006, a Argentina importou 990 mil toneladas de soja do Paraguai e 20 mil da Bolívia, e ainda há um bom espaço para crescer já que a produção do Paraguai, por exemplo, é de 6 milhões de toneladas de soja, diz Jorge Vranjes, gerente de operações da Cargill. Mas só este ano o governo argentino aprovou uma lei que isenta de imposto de exportação a produção importada para processamento e posterior reexportação.
Havia uma grande expectativa das indústrias em trazer soja do Mato Grosso do Sul, no Brasil, pela hidrovia Paraguai-Paraná. É que o transporte por essa via é considerado mais econômico que o rodoviário hoje utilizado pelos produtores brasileiros da Região. Estima-se que o escoamento da soja do Mato Grosso pela hidrovia até o porto de Rosário custaria US$ 30 a tonelada, comparado a US$ 50 do transporte rodoviário até os portos de Santos e Paranaguá, US$ 40 pela hidrovia Madeira-Amazonas e US$ 34 pela ferrovia Ferronorte.
Porém, a idéia esbarra na necessidade de obras no canal Paraguai-Paraná, explicou Rogelio Pontón, diretor de Informações e Estudos Econômicos da Bolsa de Rosário. "Os dois governos [de Brasil e Argentina] deveriam fazer obras para melhorar a navegabilidade da hidrovia, dar mais profundidade e estabilidade ao rio". Segundo Pontón, o custo da intervenção já foi calculado em US$ 60 milhões e o Comitê da Hidrovia da Bacia do Prata está encarregado de viabilizar esse projeto para permitir a passagem da produção brasileira. "Mas esse comitê opera burocraticamente e sem eficiência", critica Pontón. Daí que o projeto nunca saiu do papel.
A abertura da comercialização da soja argentina aconteceu quarta-feira em um leilão realizado na Bolsa de Rosário. A safra de soja também será recorde em 2006/07, estimada em 44 milhões de toneladas, 8,6% maior que a safra anterior. A maior empresa do pólo, a Cargill, elevou sua capacidade de processamento de 17,6 mil toneladas diárias, em janeiro de 2006, para 24,2 mil em 2007. Guillermo Wade, diretor de logística da Cargill afirmou que a multinacional tem procurado trabalhar com produção de terceiros – tanto para esmagar quanto para armazenar e embarcar – para poder operar com capacidade total.