Redação (20/03/07) – O direito de escolha no cultivo de sementes de milho transgênico foi tema de uma manifestação na Praça Ipiranga, na região central de Cuiabá, na manhã desta segunda-feira, dia 19. À tarde, a manifestação estendeu-se a bairros carentes da região de Três Barras, na periferia da capital mato-grossense. Agricultores e estudantes de agronomia distribuíram 15 mil kg de alimentos à base de milho convencional para a população, dentro de uma manifestação em defesa de também plantarem milho transgênico, mostrando a importância do produto para o País.
"Queremos ter o direito de plantar milho convencional, milho orgânico e milho transgênico", repetiam aos populares que circulavam pelo centro da capital cuiabana. O movimento foi idealizado pelos agricultores do Mato Grosso, apoiados pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABRASEM) e pela Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (APROSOJA).
Além da distribuição de alimentos à base de milho convencional, os manifestantes utilizaram caminhões carregando espigas de milho gigantes, com faixas de apoio ao milho transgênico, enquanto homens com fantasias infláveis de milho distribuíam folhetos informativos aos transeuntes que paravam curiosos diante da manifestação inédita no centro da cidade. O líder dos estudantes do curso de Agronomia do Centro Universitário de Váerzea Grande – UNIVAG, Marcelo Pasqualotti explicou por que os universitários decidiram aderir à manifestação: "Defendemos o milho transgênico devido à redução de custos e do menor uso de agrotóxicos", resumiu.
O presidente da APROSOJA, Rui Prado explica que no caso do milho geneticamente modificado (ou transgênico), a lagarta, que é uma das principais pragas dos milharais brasileiros, não resiste a uma enzima que passa a existir na própria planta. A conseqüência é que, com a defesa natural do milho, os produtores podem diminuir o uso de agrotóxicos nas lavouras, o que acaba trazendo grande benefício para o meio ambiente. “Somos a favor das modificações genéticas que beneficiem o meio ambiente” defende.
De acordo com Ywao Miyamoto, presidente da ABRASEM, se não for adotada a biotecnologia para a cultura de milho, haverá um prejuízo crescente para os produtores. "Para se ter uma idéia, se o Brasil adotasse hoje o milho transgênico Bt, haveria de imediato um aumento de produção de mais de 13%. Se pensarmos que também diminuiria a perda atual de 10% a cada safra, por causa das pragas que atacam as lavouras, esse ganho de produção poderia atingir quase 20%", avalia.
Segundo resultado de pesquisa, anunciada este mês pela ABRASEM, os agricultores terão uma economia no caso da liberação do plantio de milho transgênico que pode alcançar anualmente US$ 192 milhões. "E isso porque fizemos uma estimativa de somente 50% de área plantada com a cultura de milho transgênico", acrescenta. Além disso, o mesmo estudo da ABRASEM estima que a adoção do milho transgênico no Brasil reduzirá o consumo de agrotóxicos em 1.739 toneladas por safra. Segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Mato Grosso vai cultivar nesta safra 1,324 milhão de hectares de milho na safra 2006/2007.