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Chuva compromete oferta de soja à indústria

<p>As chuvas que atingiram as lavouras de soja da região Centro-Oeste trouxeram problemas para as indústrias.</p>

Redação (28/02/07) – As chuvas que atingiram as lavouras de soja da região Centro-Oeste ao longo de fevereiro trouxe dois problemas às indústrias esmagadoras: um atraso em relação à oferta prevista para o período e o excesso de umidade dos grãos, que precisa passar por um processo de secagem antes de ser esmagado – o que eleva custo e atrasa o processo produtivo. 

Levantamento preliminar feito pela Agência Rural indica que a colheita no país já atinge 17% da área cultivada, sendo que o processo encontra-se em fase mais avançada no Mato Grosso (40%) e Goiás (31%). A expectativa inicial, no entanto, era que a colheita nestes Estados já estivesse superior a 50%, conforme Seneri Paludo, analista da Agência Rural. "A chuva atrasou a colheita e trouxe uma redução da produtividade no norte do Mato Grosso em relação à expectativa inicial dos produtores", afirma Paludo. A produtividade média no Estado, segundo ele, está em torno de 50 sacas por hectare, o que deve garantir uma produção próxima a 15,9 milhões de toneladas. 

Flávio França Júnior, analista da Safras&Mercado, observa que nos municípios do norte mato-grossense, como Sorriso, Lucas do Rio Verde e Ipiranga do Norte, as perdas de produtividade situam-se entre 15% e 20%. "Nas outras regiões a colheita está normal, o que não significa que também possa haver problemas futuramente", acrescenta. 

Conforme França, a soja colhida em Goiás também apresenta problemas com o excesso de umidade. "Está havendo atrasos na colheita da soja de ciclo médio e, em Goiás, houve diminuição do potencial de produtividade", afirmou. Em compensação, segundo o analista, houve melhora na produtividade nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Mato Grosso do Sul. 

De acordo com Renato Sayeg, analista da Tetras Corretora, um dos efeitos diretos do excesso de umidade para as indústrias é que a soja chega "ardida", ou seja, com excesso de umidade. "Essa soja leva mais tempo para ser processada, o que compromete o prazo de entrega de farelo e óleo já negociados pelas esmagadoras para entrega neste período", afirma. 

Sayeg observa que praticamente todas as indústrias já estão operando normalmente, mas que algumas enfrentam dificuldades para cumprir os compromissos fechados, principalmente de exportação. "Isso porque a expectativa inicial era que a colheita ocorresse de forma mais rápida do que está acontecendo, principalmente no Mato Grosso e em Goiás", observa o analista. 

A demora das indústrias para receber a soja em volume suficiente para atender aos contratos de exportação começa a provocar um déficit do produto no porto de Paranaguá. Conforme Sayeg, existem pedidos para exportar em torno de 1 milhão de toneladas do grão, mas os estoques no porto estão em torno de 100 mil toneladas. Por conta disso, o preço da saca subiu 10,6% neste mês, para R$ 36,50, quando o mercado previa queda em função do avanço da colheita. A alta das cotações internacionais ao longo do mês também ajudou a sustentar os preços. (CB)